O telefone toca e mal vejo o nome dela no telefone, o meu coração dispara nesse momento. - Olá Pedro. – Diz-me Bia do outro lado da linha telefónica. - Olá Bia. Que surpresa ouvir a tua voz! – Disse ciente da regularidade com que nos falavamos e ciente de que este era o primeiro telefonema que ela me fazia. - Estás livre esta noite? – Perguntou-me sem rodeios. - Sim, mas porque me perguntas isso? Não me digas que hoje temos tempo de ir tomar aquele café? – Perguntei-lhe sem saber muito bem como dar sequência ao telefonema dela e à minha súbita atrapalhação e que queria a todo o custo disfarçar. - Hoje há tempo para isso e mais…porque tenho uma proposta para te fazer. – Disse-me, medindo cada palavra que me dizia. - Proposta? Espero que seja indecente… - Brinquei. - Sim, é. – Diz-me, fazendo uma pausa na conversa. - Tu ligaste-me para me fazer uma proposta indecente Bia? – Perguntei-lhe, tentando perceber se tinha entendido bem o que ela me tinha dito anteriormente. - Sim, basicamente foi para isso. – Disse-me sem aviso prévio. - Então e o que me queres propor? – Perguntei-lhe numa tentativa de saciar a minha curiosidade. - Um jantar em minha casa… - Disse-me simplesmente, deixando-me ainda mais baralhado. - Essa proposta não me parece nada indecente, parece-me até bem decente. – Digo, tentando provocá-la. – Não me estás a dizer a verdade Bia. - Disse.
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- Não te estou a mentir Pedro, talvez esteja é a ocultar-te alguma informação propositadamente, mas a meu ver não é relevante para o caso. – O jantar era o pretexto e eu sabia, mas ela estava a esquivar-se de me dizer o resto e eu estava a achar divertido que a nossa cumplicidade, recentemente adquirida, tenha chegado àquele ponto de tensão em que apetece cruzar a linha constantemente. Sem nunca me ter dito, eu sabia que ela fantasiava com isso e eu, escusado será dizer que depois daquele primeiro encontro no café, perfeitamente casual em que não havia nenhuma mesa livre e eu partilhei a minha com ela, não havia um dia em que não me masturbasse a pensar nela….no corpo…nas palavras…no sorriso…no olhar… Ela sabia até onde ir e ia até ao limite…e depois fazia algo que me deixava quase louco, recuava de todas as vezes, alegando um sem número de questões umas vezes com nexo, outras nem tanto, mas recuava sempre. Era desesperante tê-la por perto e sim, estava apaixonado por ela, mas como qualquer homem tinha a capacidade de me envolver com outras mulheres e de continuar ligado a ela. Aliás, ela sempre soube dos meus flirts, das minhas aventuras e divertia-se com isso, explorava isso comigo e isso era quase insano de compreender.