13 PORTAS - PARTE II
- Eva Ribeiro
- 28 de set. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 28 de set. de 2022

Em silêncio segui-o…em silêncio fui tentando captar tudo o que se passava à minha volta, mas o cenário não ia mudando muito. Passamos da sala a um estreito corredor que desembocou numa sala mais pequena, onde jazia nua, numa cama uma mulher virada de costas para quem entrasse no quarto.
- Senta-te aqui Eva. – Pediu e eu obedeci sem questionar.
- E faço o quê? – Perguntei eu sem saber o que devia fazer, como deveria proceder, sem saber, no fundo, as regras.
- Esperas…
E eu que detesto esperar. Pensei, mas não disse nada. Esperei…simplesmente esperei...
Ela abandonou a sala e a mulher continuava deitada na cama, virada para uma janela, inerte, como se estivesse a dormir. Eu não ouvia qualquer som. Apenas o do meu coração que disparava descompassadamente. O que era suposto fazer? Seria ela a ter a chave? Será que teria de falar com ela para lhe pedir?
Avancei na direção da cama e sentei-me numa das extremidades e pouco tempo depois, voltei a mexer-me um pouco para ver se o meu movimento provocava alguma reação, mas nada…e foi nesse momento que ergui a minha mão na direção dela e comecei a tocar aquele corpo nu…a desenhá-lo com o tacto, sem medo, apenas numa tentativa de descobrir. Nenhuma reação….silêncio…e eu prestes a enlouquecer.
Resolvi deitar-me na cama ao lado dela e fiquei, durante um tempo a olhar o tecto, com algumas manchas de humidade que reflectiam o avançar do tempo e da vida. Ali havia vida e que contrastava com aquele cenário com que me deparava.
E por momentos dou por mim a erguer-me e a pegar na vela que tinha pousado cautelosamente sobre um castiçal e a derramar, apenas umas gotas, sobre aquele corpo nu.
Ouvi um gemido…ou algo que se assemelhava a um, não sabia bem, mas era algo…e voltei a derramar outra gota sobre uma das nádegas dela….e agora, atentamente, escutei um gemido…de prazer e não de dor.
E nisto, voltou-se na minha direção e pediu, com uma voz melosa:
- Quero mais….
E eu sabia exactamente onde derramar aquelas gotas de cera…e os mamilos, apesar de ainda sem qualquer sinal que indiciasse excitação, clamavam por aquele toque quente. E sem esperar novo pedido, deixei escorrer mais do que uma gota, num e no outro mamilo…e vi-os endurecer com este singelo gesto.
- Mais… - Pediu.
Pediu-me e eu deixei os mamilos e passei ao ventre, e fui deixando um rasto de cera quente até alcançar a cona…e ia deixando cair um rasto de cera nos lábios até uma das últimas gotas cair sobre clitóris…o calor da cera juntamente com o calor do corpo criam a simbiose perfeita. Ela gosta e eu, sem lhe tocar reparo no corpo angelical e arrebatador dela e perco-me…deixando escorrer, gradualmente, gota a gota….mas depois espero, exactamente como me fora pedido para fazer…e a cera avoluma-se no cimo da vela e quando já não consegue mais ser retida, derramo-a propositadamente sobre a cona dela, deixando cair sobre o clitóris, gota a gota, aquilo que a faz fervilhar e gemer até ao orgasmo….uma entrega não esperada, sem sequer ter tocado o corpo dela. E sem esperar, ela exibe na mão uma chave e entrega-me.
Fico a olhar extasiada para ela, coberta da cera que vai agora dissolver juntamente com outros fluidos corporais…que escorrem pelo corpo dela…uma mistura perfeita e que me prende.
- Vai… - Diz-me.
E eu vou.
Não sei onde este caminho me vai levar…mas quero descobrir…e levanto-me e faço o percurso inverso, colocando a vela já quase toda derretida no candelabro e dirijo-me à porta e coloco a chave na fechadura e rodo. A porta abre-se e vejo de novo o corredor que percorri há momentos.
Quanto tempo terei estado ali dentro? Não sabia. O que sabia era que tinha outras portas para explorar. E lentamente começo a caminhar para a frente e a tentação de entrar na 13ª porta é grande, mas sei que deixarei essa porta para último…e olho para a direita e a porta 5 parece-me apropriada, mas quando me preparava para entrar, algo me diz para recuar…e faço-o e vou até à porta 1, ao início do corredor e rodo o puxador e entro. Fecho a porta atrás de mim e aguardo para ver o que me esta me reserva. Não vejo nada no início, mas quando os meus olhos se adaptam à escuridão, continuo sem ver muito, apenas uma silhueta escura que se aproxima de mim. Fico com medo e recuo, tentando sair dali.
- O que temes? – Pergunta-me aquela figura que se aproxima de mim.
Fecho os olhos para me refugiar de mim mesma e a voz entranha-se em mim.
- Diz-me qual o teu maior medo, Eva? – Perguntou-me de novo, sabendo o meu nome.
- Ficar presa a algo ou alguém…sentir-me vulnerável…frágil…
- Segues-me? - Perguntou aquela voz e o meu corpo não queria obedecer e eu bloqueei. - Não tenhas medo…deixa-te ir…
- Mas eu tenho medo.
- Eu sei…mas eu estarei ao teu lado… - Disse-me.
- Não me largues. – Pedi.
- Jamais…vens?
E eu fui…
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