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Senti uma liberdade extraordinária enquanto cortava as flores do jardim e imaginava em que
parte da casa ficariam melhor. E vinha toda contente com as flores no braço quando vejo a
mãe a caminhar na minha direcção.
- A sua amiga Matilde está a chegar de Londres e vem passar cá uns dias a casa. Acabei de falar
com a mãe dela e combinei os detalhes todos da sua estadia. Espero ter-te dado uma boa
notícia. – Disse-me a mãe enquanto tentava decifrar a minha expressão.
- Fantástico. Já tinha saudades dela e será uma excelente companhia. – Disse genuinamente
contente com aquela novidade.
- Vou pedir a Sueli que prepare o quarto lá em cima, perto do seu. – Disse voltando-me as
costas, mas dizendo enquanto ia caminhando quase a passo comigo. – Mas que belas flores
que arranjou Carolina. Vão ficar lindíssimas espalhadas pela casa. – Elogiou a mãe.
- Pois, também achei. Vou pedir algumas jarras a Sueli e vou eu própria tratar de as colocar
onde idealizei. – Disse contente com o meu feito.
Já dentro de casa vi a mãe falar com Sueli e esperei que ela terminasse para lhe pedir o que
precisava.
- São lindas menina! – Elogiou Sueli.
- Pois, também achei. Vou começar por aqui. – Disse-lhe referindo-me à sala e posteriormente
ao andar inferior.
- Eu vou tratar do almoço que já lhe adianto que vai ser frango assado com arroz provençal. –
Disse-me respondendo à pergunta que eu anteriormente fizera com outra conotação.
- Hmmm…deve ser muito bom…- Disse-lhe sorrindo. – Foi bom? – Perguntei sem rodeios.
- Foi muito bom, mas ele estava completamente descontrolado. Nunca o vi assim. – Confessou.
- Que pena! Acho que o pior ainda está para vir. – Disse-lhe eu.
- Então porquê menina Carolina? – Perguntou ela.
- A Matilde vem cá passar uns dias a casa e conheço a minha amiga muito bem. – Disse-lhe.
- Eu lembro-me do ano passado. Ela adorava nadar na piscina à noite e numa das vezes…
- Pois e adora apanhar sol ali ao fundo no jardim, onde ninguém vê. …- Acrescentei-lhe.
- Quando é que ela chega? – Perguntou Sueli meia perdida.
- Chega hoje ao final do dia. – Digo eu e pouco tempo depois Artur entra na cozinha.
- Quem chega hoje? – Perguntou Artur, esperando uma resposta.
- A menina Matilde. – Respondeu-lhe Sueli.
- O nome não me diz nada, é sua amiga menina Carolina? – Perguntou ele.
- É sim Artur. É a minha amiga que adora tomar banho à noite na piscina. Lembras-te dela? –
Perguntei perversamente, sabendo perfeitamente o que a minha pergunta ia provocar nele.
- Não, vocês estão a brincar. Só podem.
- Então porquê Artur? – Perguntei eu aproximando-me dele, sem medo.
- Ai menina Carolina, aquele corpo ainda hoje mexe comigo…. – Disse ele um pouco retraído.
- E sabes o que eu acho Artur? Ela não deve vir melhor….
- Pois e eu acho que vou ter muito que fazer na vila nos próximos dias.
- Mas não vais poder Artur, é que o namorado da mãe vem cá passar uns dias e parece que
temos que estar todos por aqui. – Disse-lhe eu.
Ele saiu disparado sem dizer uma palavra e eu saí pouco depois, sem dizer uma palavra sequer,
para começar a ornamentar as jarras com as flores que tinha apanhado no jardim.