
Percorro um longo corredor e porta atrás de porta vou avançando, mas sem entrar em nenhuma delas, mas com a curiosidade de espreitar, ver o que cada uma contém, mas inibo-me, para já de o fazer...tento resfriar o impulso que me assola e que se apodera de mim e me faz querer tudo desmesuradamente e consigo, pelo menos para já.
Respiro fundo e continuo a caminhar, pois o corredor é longo e as portas tem uma distância considerável entre elas...quase que se como um espaço de tempo para assimilar o percurso.
Não sei como fui ali parar, mas quando soube que a única regra era que haveria 13 portas, poderia entrar nas que quisesse, mas uma vez lá dentro, só conseguiria sair depois de descobrir a chave que me permitiria voltar a sair pelo mesmo local onde entrei. Imediatamente sinto-me compelida e ir...apesar do receio do que cada porta possa esconder, mas foi precisamente o não saber, o querer descobrir, o inesperado que me fez aceitar sem hesitar. Só me disseram que seria um estímulo aos sentidos, uma experiência sensorial sem igual...orgásmica em alguns casos e é essa palavra que se crava na minha mente.
Nenhuma das portas está fechada, por isso posso entrar em qualquer uma quando me
apetecer...e depois fechá-la e aguardar pelo que ela encerra no seu interior.
No fundo do corredor existe também uma porta, ou seja, há 6 portas de cada lado e uma ao fundo...a 13a e olho para aquela porta com um interesse especial, sabendo perfeitamente que não irei iniciar por ela. E por momentos, paro, olho para mim e fico a pensar se escolher este vestido preto, sem costas, apenas preso por um laço no meu pescoço e caindo a direito pelo meu corpo, se foi a melhor opção. A verdade é que salienta as minhas formas e termina estrategicamente a meio das minhas pernas. As sandálias são da mesma cor, mas com um traço prateado e que combinam com a pequena carteira que escolhi. Não fazia a menor ideia do que vestir e quando questionei à organização, a única resposta que obtive: deve vestir aquilo com que melhor se identifica. E foi exatamente o que escolhi.
Mas agora diante de todas aquelas portas, as que estavam à minha frente e as que tinham ficado para trás fica a vontade de saborear este momento em que espero, em que sou responsável por uma escolha, mas que farei às cegas...e que me levará certamente a algum lado, mas que terei de descobrir qual.
Porta 3
Paro entre a porta três e quatro e hesito em qual entrar...se na no3 ou se na no 4...e opto pela terceira porta. Não bato, simplesmente rodo o manípulo e abro-a. Não consigo ainda ver nada para o interior e o meu coração dispara nesse momento, não por medo...mas por não saber o que me aguarda. Fecho a porta atrás de mim e fico, literalmente encostada a ela, tentando que os meus olhos se adaptem à escuridão. A porta está fechada...e não abre sem uma chave que tenho ainda de encontrar.
Curiosamente a escuridão, pouco depois de ter fechado a porta começa a dissipar-se e à minha frente estende-se um longo corredor, tenuemente iluminado por velas suspensas em candelabros. Percebo que foram recentemente acesas porque a cera que derramam não é ainda suficiente para pingar. E o chão é aveludado, um veludo mesclado com diferentes tonalidades de cinza. E naquele momento, não pensando no que segue, tiro as sandálias e sinto aquele veludo por baixo dos pés e para além do que os olhos vão apreciando, esta é a primeira sensação que registo. Não vejo ninguém e continuo a caminhar. Ouço o crepitar da cera...e o meu corpo reage àquele estímulo, a pele fica eriçada e os mamilos salientam-se através do tecido...
Apetece-me pegar numa das velas e fico parada a olhar para uma delas, um olhar fixo
que me faz parar no tempo...mas avanço, com firmeza para o candelabro e tiro uma das
velas. A cera começa a escorrer, mas gosto da sensação...sinto-me ainda mais quente...e já um pouco excitada, sem ter qualquer elemento que me provoque isso...apenas o crepitar da cera, o sentir a cera escorrer, o cheiro que liberta...e a leveza e suavidade que experimento a cada passo que dou.
Chego ao fundo do corredor e sou obrigada a virar à esquerda e a seguir deparo-me com uma ampla sala, que é o prolongamento do cenário anterior, mas tem um homem em cada canto, apenas com um manto com capuz a cobrir o seu corpo e de olhar fixo no horizonte. Entro devagar e é uma mulher que se aproxima de mim. Veste uma túnica
apenas presa em um dos ombros e de cor branca, deixando revelar não só as formas, mas a cor escura dos mamilos...e o cabelo de castanho escuro e solto em largas e perfeitas ondas, como se tivessem sido desenhadas. Tenho alguma dificuldade em fixar o meu olhar no dela, dada a quantidade de estímulos que me rodeiam...os homens, a cera que escorre sobre a minha mão e a mulher que tenho diante de mim e cujo semblante já me fez reagir.
- O que desejas Eva? – Perguntou-me sem hesitação.
- Como sabes o meu nome? – Pergunto, tentando ganhar tempo e defender-me, nem sei bem de quê.
- O que desejas Eva? – Voltou a perguntar-me...ignorando a minha pergunta.
- Sentir...o que nunca senti...prazer, que supere tudo o que até hoje senti...
- Então vem comigo...
E eu fui.
Em silêncio segui-a...em silêncio fui tentando captar tudo o que se passava à minha volta, mas o cenário não ia mudando muito. Passamos da sala a um estreito corredor que desembocou numa sala mais pequena, onde jazia nua, numa cama uma mulher virada de costas para quem entrasse no quarto.
- Senta-te aqui Eva. – Pediu e eu obedeci sem questionar.
- E faço o quê? – Perguntei eu sem saber o que devia fazer, como deveria proceder, sem
saber, no fundo, as regras.
- Esperas...
E eu que detesto esperar. Pensei, mas não disse nada. Esperei...simplesmente esperei...
Ela abandonou a sala e a mulher continuava deitada na cama, virada para uma janela, inerte, como se estivesse a dormir. Eu não ouvia qualquer som. Apenas o do meu coração que disparava descompassadamente. O que era suposto fazer? Seria ela a ter a chave? Será que teria de falar com ela para lhe pedir?
Avancei na direção da cama e sentei-me numa das extremidades e pouco tempo depois,
voltei a mexer-me um pouco para ver se o meu movimento provocava alguma reação, mas nada...e foi nesse momento que ergui a minha mão na direção dela e comecei a tocar aquele corpo nu...a desenhá-lo com o tato, sem medo, apenas numa tentativa de
descobrir. Nenhuma reação....silêncio...e eu prestes a enlouquecer.
Resolvi deitar-me na cama ao lado dela e fiquei, durante um tempo a olhar o teto, com
algumas manchas de humidade que refletiam o avançar do tempo e da vida. Ali havia
vida e que contrastava com aquele cenário com que me deparava.
E por momentos dou por mim a erguer-me e a pegar na vela que tinha pousado cautelosamente sobre um castiçal e a derramar, apenas umas gotas, sobre aquele corpo nu.
Ouvi um gemido...ou algo que se assemelhava a um, não sabia bem, mas era algo...e voltei a derramar outra gota sobre uma das nádegas dela....e agora, atentamente, escutei um gemido...de prazer e não de dor.
E nisto, voltou-se na minha direção e pediu, com uma voz melosa:
- Quero mais....
E eu sabia exatamente onde derramar aquelas gotas de cera...e os mamilos, apesar de ainda sem qualquer sinal que indiciasse excitação, clamavam por aquele toque quente. E sem esperar novo pedido, deixei escorrer mais do que uma gota, num e no outro mamilo...e vi-os endurecer com este singelo gesto.
- Mais... - Pediu.
Pediu-me e eu deixei os mamilos e passei ao ventre, e fui deixando um rasto de cera quente até alcançar a cona...e ia deixando cair um rasto de cera nos lábios até uma das últimas gotas cair sobre clitóris...o calor da cera juntamente com o calor do corpo criam a simbiose perfeita. Ela gosta e eu, sem lhe tocar reparo no corpo angelical e arrebatador dela e perco-me...deixando escorrer, gradualmente, gota a gota....mas depois espero, exatamente como me fora pedido para fazer...e a cera avoluma-se no cimo da vela e quando já não consegue mais ser retida, derramo-a propositadamente no sobre a cona dela, deixando cair sobre o clitóris, gota a gota, aquilo que a faz fervilhar e gemer até ao orgasmo....uma entrega não esperada, sem sequer ter tocado o corpo dela. E sem esperar, ela exibe na mão uma chave e entrega-me.
Fico a olhar extasiada para ela, coberta da cera que vai agora dissolver juntamente com
outros fluidos corporais...que escorrem pelo corpo dela...uma mistura perfeita e que me
prende.
- Vai... - Diz-me.
E eu vou.
Porta 5
Não sei onde este caminho me vai levar...mas quero descobrir...e levanto-me e faço o percurso inverso, colocando a vela já quase toda derretida no candelabro e dirijo-me à porta e coloco a chave na fechadura e rodo. A porta abre-se e vejo de novo o corredor
que percorri há momentos.
Quanto tempo terei estado ali dentro? Não sabia. O que sabia era que tinha outras portas para explorar. E lentamente começo a caminhar para a frente e a tentação de entrar na 13a porta é grande, mas sei que deixarei essa porta para último...e olho para a direita e a porta 5 parece-me apropriada, mas quando me preparava para entrar, algo me diz para recuar...e faço-o e vou até à porta 1, ao início do corredor e rodo o puxador e entro.
Fecho a porta atrás de mim e aguardo para ver o que me esta me reserva. Não vejo nada no início, mas quando os meus olhos se adaptam à escuridão, continuo sem ver muito, apenas uma silhueta escura que se aproxima de mim. Fico com medo e recuo, tentando sair dali.
- O que temes? – Pergunta-me aquela figura que se aproxima de mim.
Fecho os olhos para me refugiar de mim mesma e a voz entranha-se em mim.
- Diz-me qual o teu maior medo, Eva? – Perguntou-me de novo, sabendo o meu nome.
- Ficar presa a algo ou alguém...sentir-me vulnerável...frágil...
- Segues-me? - Perguntou aquela voz e o meu corpo não queria obedecer e eu bloqueei.
- Não tenhas medo...deixa-te ir...
- Mas eu tenho medo.
- Eu sei...mas eu estarei ao teu lado... - Disse-me.
- Não me largues. – Pedi.
- Jamais...vens?
E eu fui...
Comecei a caminhar lado a lado com aquela figura e à medida que o medo ia acalmando, o espectro começou gradualmente a mudar a forma e passou a assemelhar-se mais e mais com uma figura humana...e quando dei por mim era um homem que tinha ao meu lado. Um homem vestido com o mesmo capuz que estavam os outros que tinha visto anteriormente.
- Bem te disse que não precisavas de ter medo. - Disse-me o homem.
- Sorri. - Mas o medo permanecia, ou melhor era algo parecido com medo, mas não
podia dizer que fosse medo, talvez mais uma questão de confiança.
O corredor que percorríamos era frio, cinzento e muito pouco convidativo para se prosseguir.
- Sabes para onde te levo Eva? - Perguntou-me.
- Não sei. - Disse com sinceridade.
- Sabes...sabes sim... - Disse com muita certeza.
- Eu não sabia. - Mas nesse momento algo me ocorreu: medo de o perder, de eu o
desiludir por ser como sou...e isso começou a ganhar forma na minha mente.
- Afinal sempre tens medo... - Disse o homem. - Estás preparada para o encarar? -
Perguntou-me.
- O medo ou ele? - Perguntei e o meu corpo reagiu ao medo...com expectativa e medo
ao mesmo tempo.
- Aos dois... - Respondeu e rapidamente desembocamos numa sala com uma enorme cama redonda no meio e espelhada no teto. Em volta, as paredes eram cobertas de um veludo preto, cravejada aqui e ali, com pequenas pedras brilhantes, dando um ar
ligeiramente mais quente ao ambiente.
Parei mal vi aquela cama e o homem sussurrou-me:
- Despe-te e deita-te na cama. - Pediu ele como se fosse o pedido mais banal do mundo.
- Mas... - Eu não sabia o que me aguardava e tinha mil e uma perguntas para lhe fazer, mas sabia que por muitas perguntas que lhe fizesse sabia que não me ia responder a nenhuma.
E sem esperar mais, descalcei as sandálias e depois desatei o cordel que atava o meu vestido e deixei-o cair no chão, ficando nua...sem nada a cobrir o meu corpo e dirigi-me para a cama, colocando instintivamente ambas as mãos a cobrirem as minhas mamas.
E nisto entra um homem, coberto com o mesmo manto que os outros todos e aproxima- se de mim e acaricia levemente o meu corpo, como se fosse uma pena e ele o estivesse a redesenhar. E os meus mamilos reagem, começo a ficar excitada com este toque e deito-me na cama, deixando-me à mercê dele. E no momento em que isto sucede, entra um homem agarrado por dois outros, vendado...e reconheço-o...é ele...e a mão que me toca
vai mais longe e passa ao de leve em cada um dos meus mamilos e eu gosto do toque e quero que ele prossiga. Ele lê os meus pensamentos e a aperta cada uma das mamas e depois concentra-se num e noutro mamilo, demoradamente.
- Não posso... - Digo eu deixando a razão falar mais alto.
- Não podes o quê? - Perguntou o homem com quem partilhava a cama e que ia descendo com uma das mãos pelo meu ventre.
- Eva? - Ouço-te perguntar.
E reconheces a minha voz sem dificuldade...
- Onde estou? - Perguntou ele e nesse momento, os dois homens aproximam-no mais à
cama onde estou deitada e despida...
- Estás numa experiência que eu escolhi, mas não era suposto estares aqui. - Digo com
sinceridade.
- Então porque estou aqui se não era suposto, se não me convidaste para vir? -
Perguntaste ele e nesse momento a venda é-te retirada e e tu olhas em redor até me encontrar e ver com outro homem.
- A venda ou as mãos amarradas? - Perguntou um dos homens que estava ao lado dele.
- As mãos amarradas...eu quero ver o que vais fazer comigo a olhar-te. - Diz-me e nesse
momento sinto uma culpa gigante por estar a sentir prazer....por me querer entregar àquele desconhecido...por ter medo que tu me vejas e não me queiras mais.
- Estamos no quarto do medo... - Diz-me de longe o homem que me trouxe até ali.
- Eu quero sair daqui...não quero isto...ou melhor, quero, mas quero que seja ele a foder-me....só ele...só comigo...e vocês podem assistir.
E nesse momento as tuas mãos são desamarradas e algo te é segredado ao ouvido.
Despes-te e aproximas-te de mim já com o caralho duro. Avanças sobre mim e beijas os
meus lábios, não te inibindo de me trincar o inferior, fazendo-me sangrar ligeiramente.
- Lambe... - Exijo.
Não me respondes e deslizas pelo meu corpo como uma serpente, apertando as minhas mamas e lambendo um e outro mamilo até me ouvires gemer quando isso acontece de novo, mais incisivamente. Desces por mim e abres-me as pernas. Estou toda molhada, verdadeiramente excitada...e percebes que é um misto do que me dás e do que eu anteriormente experimentei.
- Puta...olha como tu estás... - Dizes enquanto me lambes os lábios da cona.
E nesse momento, só consigo dizer:
- Ainda bem que chegaste a tempo...porque eu ia foder, mas não era contigo. - Digo com medo, sabendo o que estou a confessar, mas sabendo que só isso me libertará.
- Eu sei...por isso vim...e eu tenho a chave. - E ouvir isto diz tudo o que nos liga.
- Tu? - Pergunto-lhe sem perceber.
- Superaste o desafio deles...e o meu, mas agora vou-te foder toda.
- Não devíamos sair daqui? - Pergunto, agora provocando-te claramente.
- Não...agora vamos foder...e eles vão ver...
E não fizeste amor comigo, como eu estava habituada, fodeste-me...um misto de fúria e
de raiva...de desejo e de amor...tudo junto. Sabia que havia amor, mas naquele momento eu era a puta que tu gostavas de foder e tu eras o cabrão que me fodia, sem medo de mim, e por isso...depois de te esporrares todo em mim...
- Aqui tens a chave... - Dizes.
- Vem comigo. - Pedi-te.
- Não posso, as regras desta tua experiência não o permitem. - Dizes.
- Mas eu tenho medo de ir sem ti. - Confesso-te já com a chave na mão.
- Não vais sem mim, nunca estiveste sem mim...aliás se estivesses sem mim, o que tinha
acontecido aqui era diferente. - Dizes a verdade.
- Vem comigo. - Peço de novo.
- Posso? - Perguntou ele para o homem que me trouxe até ali.
- A experiência é tua, mas se queres prosseguir com ele, o caminho é o teu e tens a nossa permissão.
Visto-me rapidamente e tu cobres-te de novo com aquele manto e voltamos à porta de
entrada...e saímos até aquele longo corredor.
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