DANAË – PARTE II
- Eva Ribeiro
- 16 de jan. de 2023
- 7 min de leitura

- Sabe o que é curioso? Repare nas minhas calças. Nota algo diferente? – Pergunta e isso obriga-me a olhá-lo e depois descer o olhar, encarando o desenho do caralho dele por baixo das calças. Duro, grosso e definido. E preparava-me para ir até à mesa fechar o PC e guardar as minhas coisas. Por um lado, tinha vontade de fugir dali e por outro que ele me encostasse contra a parede e me fodesse ali mesmo. Mas que raio se passava comigo. Só podia ser do quadro e de estar no meu gabinete. Comecei a sentir calor e foi instintivo pegar num gancho e amarrar o cabelo. - Sabe o que é ainda mais curioso? Perceber que não sou só eu que estou assim. – Diz ele e olha-me, confrontando-me com essa evidência.
- Apresentação 2, email, depois da reunião. – Eu tinha entrado em modo autómato.
- Sofia…
- Eduardo, não me parece nada correto esta proximidade. Peço desculpa, pedirei para tirarem o quadro daí. Foi uma péssima ideia recebê-lo aqui e não na sala. – Digo olhando para ele.
- Acha mesmo isso? – Perguntou, sabendo que eu mentia. Não respondi. Virei-me na direção da janela e dou por mim a tocar-me por cima do vestido. Já sinto os mamilos duros por baixo do soutien. E quase simultaneamente, ouço os passos dele aproximarem-se de mim e sinto o calor dele atrás de mim, sem sequer me tocar e o perfume a começar a toldar-me os sentidos. - Estão duros? – Perguntou-me ele, percebendo que me tocava por cima do vestido.
- Sim. – Respondi, já sem estar muito preocupada em ocultar o que estava a sentir porque afinal ele percebera tudo.
- Posso? – Perguntou, fazendo a insinuação de poder substituir a minha mão pela dele, o meu toque pelo dele. Respirei fundo e fechei os olhos, mas nada disse. Cruzei os braços, dando inadvertidamente um pouco mais de volume ao meu peito e não tardou que ele se colocasse à minha frente. Apesar de estar de olhos fechados percebi o movimento dele pela leve ocultação da luz à minha frente. E contrariamente ao que esperava ele tocou-me no rosto, deslizando um dedo delicadamente por ele, numa carícia que me embalava e ao mesmo tempo me provocava. Abri os olhos e fiquei a olhar para ele. O olhar dele acompanhava o seu toque, como se lhe mostrasse o caminho a seguir. Não tardou a que os dedos dele tocassem os meus lábios, que lambi quase instintivamente. Ele aproveitou-se da minha saliva para os desenhar de novo, molhando-os, tocando neles, moldando-os à sua passagem até eu entreabrir a boca e ele aproveitar para molhar um dos dedos na minha língua, repetindo assim o gesto, lento e lascivo nos meus lábios. Nisto o meu telefone toca.
- Tenho de atender. – Digo-lhe e ele dá-me passagem até à mesa e fica a contemplar-me de costas. – Sim? Maria, remarque para amanhã, esta reunião está um pouco mais demorada do que eu previa. Sim, está tudo bem. Almoçar? Aguarde um minuto. – E coloquei-a em espera, olhando para trás e percebendo que ele sorria, mas estava igualmente tenso como eu.
- Que desejas? – Perguntou ele, deixando-me completamente sem saber o que responder. Preferi não lhe responder e responder à Maria.
- Vamos almoçar daqui a pouco, mas como estamos a terminar a apresentação não sei o tempo que vou estar ausente. É melhor reagendar o que tenho para de tarde. Veja o melhor com os clientes e hoje ao final do dia falamos. Obrigada. – Digo, desligando o telefone e voltando-me para ele. – Que loucura! – Digo e ele avança na minha direção.
- Senta-te. – Disse apontando para a cadeira em frente à que eu outrora tinha estado sentada. Ele ocupou o lugar ao lado do meu. – Abre o PC e coloca a apresentação a meio. Obedeci em silêncio e o meu corpo insistia em reagir involuntariamente. Olhamos os dois no sentido do ecrã do PC e pouco depois a mão dele reinicia a viagem que começou anteriormente. E dos lábios passa ao pescoço e do pescoço passa à gola redonda e que percorre antes de descer um pouco mais. O soutien que trazia não era acolchoado, deixando perceber a forma do meu peito, o mamilo que facilmente se percebia pelo tecido do vestido.
- Eles denunciam-te. – Disse enquanto tocava num dos mamilos, circundando-o, como se soubesse exatamente a forma deles, da auréola em volta do bico. E passou ao outro, repetindo o gesto, sem pressa, como se tivéssemos todo o tempo do mundo. Nisto passo a minha mão pelo corpo dele e preparava-me para lhe tocar, pois reparei que a protuberância era notória. - Não. Esse movimento denuncia-nos. – Disse, colocando a minha mão em cima da mesa. E a mão dele continuou a deslizar pelo meu ventre, parando quando ele sentiu o tecido das cuecas, desenhando-as, até à virilha, passando depois à coxa, à saliência que a meia de liga revelava. – Gosto deste pormenor. – Disse-me, referindo-se à meia. Eu suspiro e deixo-o prosseguir, vendo os dedos dele, ultrapassarem o rendado oculto da meia de liga e continuarem a descer, parando estrategicamente onde terminava o meu vestido. Olho para ele, o olhar faminto que me devolve, a perversidade concentrada num sorriso, fazem-me trincar o lábio inferior e suspirar. E os dedos dele começam a fazer o caminho inverso, subindo pela minha perna, mas ao invés de passarem por cima do vestido, deslizam por baixo dele. Apesar de um pouco justo, é facilmente moldável ao movimento.
- Eduardo… - Digo quando sinto os dedos dele alcançarem o tecido das minhas cuecas e antecipo o prazer que o toque dele me vai proporcionar.
- Vamos almoçar? – Perguntou ele, retirando a mão, cheirando-a de seguida.
Fiquei a olhar para ele furiosa por me deixar naquele ponto.
- O que te apetece? Comer? – Perguntou-me de seguida, ignorando a minha excitação e a dele.
- Neste momento, apetece-me bater-te por teres parado, mas reconheço que estás no mesmo ponto que eu, por isso… - Digo hesitante. – Vamos comer algo que potencie mais este sentir. Marisco, sushi, tens preferência? – Pergunto, levantando-me de seguida.
- Já foste ao Arena? – Perguntou-me e nunca tinha ouvido falar do restaurante.
- Não conheço. Onde é e que tipo de comida servem? - E preparava-me para pesquisar no telefone e ele travou-me.
- Posso fazer-te uma surpresa? – Perguntou-me.
- Ui, eu estou tentada a dizer que sim, mas isso habitualmente leva-me sempre por caminhos complexos e pecaminosos. – Digo, assumidamente.
- Eu sei, daí ter piada. Vamos? – Perguntou dando o mote para sairmos.
A agência estava deserta àquela hora e teria sido o momento ideal para aprofundar o que começamos, mas a verdade é que eu continuava excitada, naquele ponto de ebulição e sentia que ele estava igual.
Fomos no carro dele e não tardamos mais de 15 minutos a chegar. Durante esse tempo, ligou para o suposto restaurante e pediu mesa para dois. Conhecia mal aquela zona da cidade e intrigou-me a entrada. Porta fechada e que apenas se abriu quando ele tocou à porta. Entramos e de imediato fui acometida a fazer uma viagem ao Oriente, pela música, pela decoração.
- Optaste pelo Oriente… - Digo quase num sussurro, mas paro quando a sala em que entro tem várias mesas dispersas, não muitas, mas a circundar o buffet que tinha a particularidade de estar servido em corpos nus, no de duas mulheres e um homem, onde as peças de sushi estavam dispostas em folhas de plantas, ocultando apenas algumas partes do corpo.
- Ai God. – Digo e uma das empregadas encaminha-nos para a mesa, que ocupamos pouco depois.
- Escolhi bem? – Perguntou ele olhando-me nos olhos.
Trinquei o lábio inferior e não foi preciso responder-lhe, pois todo o meu corpo respondeu-lhe por mim.
- Costumas vir aqui? – Perguntei.
- Não, é a primeira vez, mas já queria experimentar este sítio há algum tempo. Um amigo meu falou-me e hoje fez-me sentido. – Disse e pouco depois a empregada veio à nossa mesa.
Começou por explicar o conceito japonês do Shushi body, conhecido como Nyotaimori e Nantaimori, respectivamente apresentação do corpo feminino e masculino sob a forma de bandejas humanas. A apresentação das peças de sushi estão dispersas nos corpos, estrategicamente cobertos com folhas de plantas, mas deixando a descoberto algumas partes do corpo, como podem ver.
O buffet é à descrição do cliente, com duas regras, não podem tocar ou falar com os modelos e esta sala é exclusivamente destinada a fazer as refeições, mas que sabemos que vão despertar os vossos sentidos. Temos mais espaços, que poderão conhecer após a refeição, se assim o desejarem.
- Alguma dúvida? – Perguntou a empregada a ambos.
- Os outros espaços de que nos falou precisam de marcação? Há alguma regra específica para ir? – Perguntei curiosa.
- Não há regras, as únicas regras são as de cada um. – Informou.
- Bom apetite a ambos. – Desejou e depois afastou-se.
As mesas do restaurante tinham pequenas divisórias em forma de biombos entre si e que apesar de darem privacidade, permitiam ver tudo o que se passava nas outras mesas. Havia candeeiros suspensos sobre cada mesa e sobre cada um deles e que conferiam ao espaço um ambiente intimista.
- Vamos? – Perguntei, ansiosa para ver as peças de sushi que tinham.
E ele levantou-se quase ao mesmo tempo, seguindo-me até às mesas onde eles estavam deitados. Percorri o corpo de cada um deles, vendo as formas perfeitas que exibiam. Reparei no cuidado que tinham tido em escolher uma mulher ruiva, morena e o homem moreno, diversificando o tónus de cada um, conferindo uma variedade de cores e que era equivalente aos sabores, também esses diferentes.
- Ai, eu vou-me perder. Vou levar um de cada para experimentar. – Digo e à medida que vou passando por eles e retirando uma e outra peça, não deixo de reparar em cada corpo. – Qual escolhias? – Pergunto-lhe.
- O teu. – Responde-me e fico sem jeito.
E pouco depois voltamos à mesa e começamos a saborear cada peça escolhida com um vinho branco bem fresco e que ele tinha escolhido.
Cada peça era melhor que a anterior, um sabor orgásmico, que nos saciava e aquecia. E já quase no fim, a fome era outra.
- Sobremesa queres? – Perguntou.
- Sim, mas lá dentro. – Respondi.
- E se estiverem mais pessoas lá dentro? – Perguntou-me.
- Não há regras, lembras-te? Com medo? – Perguntei-lhe, desafiando-o.
- Sim, tenho medo…de ti comigo. – Respondeu-me, levantando-se e dando-me passagem.
- Explica. – Pedi enquanto íamos para o interior, mas sabendo o que ele me iria dizer.
- Fico perigoso ao teu lado.
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