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MANAROLA - PARTE I


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A Gula. Um dos meus pecados. Não era a primeira vez que a necessidade de satisfazê-la tinha resultado numa radical mudança de planos e certamente não seria a última.

Enquanto desesperava com o atraso no comboio entre Turim e Génova, pensava na Gula que precisara de saciar. Chegara cedo de manhã, a Turim mas decidira adiar para a tarde a viagem de comboio até Génova.

Pensara almoçar na Pizzeria Saraceno, saborear um gelado italiano na Piazza Castello, numa das deliciosas gelatarias que povoam a praza e por fim, fazer a curta caminhada até à Piazza San Carlos para um expresso italiano no café Torino.

Assim pensara. Assim fizera.

À minha semelhança, toda a gente parecia desviar-se do seu caminho para pisar os testículos do touro de bronze, no chão, à porta do café.

Anos e anos de sevícias tinham transformado os convexos testículos numa depressão no chão.

Dava sorte pisá-los, diziam os Torineses e, apesar de não ser supersticioso, para quê arriscar? Bem precisado estava de alguma.

No café Torino, saboreara o expresso e perdera-me a imaginar Alexandre Dumas, enquanto escrevia as suas novelas e se, também ele, pisara os testículos em busca de 'fortuna'.


O comboio finalmente chegara a Génova e o atraso iria custar-me uma tardia chegada a Manarola, na Riviera Italiana. Que se dane! Perdido já eu estava. Que mal faria mais este contratempo?

Escolhera Manarola por ser a mais calma das vilas de Cinque Terre, pela beleza natural e pela pedra.

Pedra, precisava de pedra por perto, enquanto me reencontrava, reinventava ou o quer que fosse que eu esperava conseguir com esta viagem.


Já não era exactamente cedo quando finalmente entrara em "La Cantina Dello Zio Bramante" (A Adega do Tio Bramante).

A adega era uma típica Trattoria italiana, com mesas corridas e o apetitoso constante cheiro a pão de pizza.

Escolhera jantar ao balcão. Sempre podia meter conversa com os empregados e ir praticando o meu italiano.

Sentara-me em frente ao espelho que me permitia ter uma visão da sala nas minhas costas, embora, dado o tardio da hora, poucas pessoas houvesse para espicaçar a minha curiosidade.

A encimar o espelho, uma das frases do filho mais notável da região, outrora República de Génova - Cristóvão Colombo: «Non si può mai attraversare l'oceano se non si ha il coraggio di perdere di vista la riva.»


Apropriado. Perdido em alto mar já eu estava.


Tu entraste. Sofisticada. Cabelos pretos, pelos ombros desnudados, um colar de pérolas a marcar o fabuloso pescoço. O vestido preto, ligeiramente acima do joelho, a descobrir um par de pernas fabulosas. Linda. Aqueles olhos castanhos, doces, mas com um ar altivo, quase petulante. E os lábios, Céus! Sorriste ligeiramente ao ver que te observava pelo espelho e senti-me preso nesse olhar. Bebeste um café, rápido e partiste. Ao sair, os nossos olhares cruzaram-se novamente e o meu coração quase parou quando mordeste o lábio. Hesitei por uns momentos e, quando saí atrás de ti, já tinhas desaparecido. Eva, escritora... Portuguesa, listou-me o empregado. Bolas! Portuguesa... Qual é a probabilidade?


Nessa noite, apesar do cansaço que se tinha apoderado de mim, não conseguira dormir. Aquela bela morena não me saia da cabeça.

O dia nasceu sem que tivesse pregado olho e aproveitar e passear até ao mar enquanto não havia pessoas na rua.

Desci pelo caminho até às rochas, junto ao mar. Sentei-me a saborear a calma da manhã, com o cheiro a mar e a brisa na minha cara.

O mar estava relativamente picado, e as ondas a bater nas rochas salpicavam-me a roupa.


Tu chegaste. Não disseste nada e sentaste-te. Olhaste para mim por breves instantes e quando me preparava para te falar, desviaste o olhar e ficaste a fitar o mar.

Ficamos os dois, em silêncio a olhar o horizonte e a apreciar, cumplicemente, o momento.

Uma onda maior quebrou o encanto, encharcando-nos de alto a baixo.

- Mas que diabo! - Praguejei e tu riste-te.

O teu encantador sorriso enfeitiçou-me e fiquei fascinado a olhar para ti.

Estavas encharcada, da cabeça aos pés, e os teus mamilos duros pelo frio da água eram bem visíveis por baixo do vestido leve que trazias.

O vestido, completamente colado ao corpo e transparente pela água, mostrava mais de ti do que o que escondia.

Não consegui tirar os olhos de ti e sentia, a cada batida do meu coração, o meu pénis a entumecer.

Mordeste o lábio. A sensualidade com que o fizeste fez-me estremecer e soube que estava perdido por ti.

Avancei e não hesitei em roubar-te um beijo. Exagero talvez, já que de roubo pouco teve tal foi entrega que emprestaste a esse beijo.

Os meus lábios acariciavam os teus e as nossas línguas procuravam-se mutuamente.

As minhas mãos escorregaram, certamente por vontade própria, das tuas costas para o teu rabo.

Puxei-te contra mim e senti o meu pénis contra o teu corpo.

 
 
 

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