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MANAROLA - PARTE IV


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- Quem eras tu? – Perguntei-me quando a tua proximidade me intimidava mais do que eu previa. Mas rapidamente soube não precisar da resposta quando acabei por reconhecer sensações há muito adormecidas e que fizeram parte do meu passado e que, pelos vistos, ainda faziam parte de mim.

Ligeiramente encobertos pelos enormes rochedos à beira do mar, cedíamos claramente a um impulso exacerbado por uma urgência desconhecida e comparável à rebentação que ia fustigando as rochas. Suspiro quando sinto as tuas mãos tentarem descer o meu vestido e que resiste incólume a este primeiro avanço…e sei nesse momento que esta pequena contrariedade apenas contribuiu para aumentar ainda mais o desejo, o descontrolo e a urgência…a minha e a tua. Sorrio perversamente…

E sem calma nenhuma, as alças do meu vestido acabam por ceder, deixando a descoberto os meus seios redondos e cuja ânsia pelo gesto seguinte misturada pela frescura da água do mar provocaram a reacção que já esperavas que o meu corpo manifestasse e que não me coíbo de te mostrar.

Afastaste-te um pouco mais, apenas o suficiente para te ver despir o pólo que trazias vestido e que reconheci da noite anterior, confirmando o que eu já sabia: estiveras tão perdido como eu.

Voltaste a aproximar-te de mim e sem conseguir travar a brusquidão do teu gesto, voltaste-me de costas para ti, fazendo deslizar com uma habilidade irrepreensível o vestido pelo meu corpo, deixando-me apenas com as cuecas vestidas. E nesse momento sabia já não ser capaz de pensar com clareza…e com uma facilidade surpreendente reconheço os mesmos sinais em ti. E, subitamente, uma nova onda arremessa água do mar contra os nossos corpos e quase em simultâneo puxas-me de encontro a ti, obrigando-me a embater na erecção que as tuas calças já não conseguiam camuflar. E nesse momento, afasto-te ligeiramente de mim, apenas um pouco para conseguir retirar-te as calças e descer os boxers, de forma a conseguir finalmente tocar no pénis que já adivinho duro e sedento de mim.

Voltas a puxar-me de encontro a ti e estremeço com o toque do teu pénis nas minhas nádegas ao mesmo tempo que sinto uma das tuas mãos deslizar pelas minhas costas.

E lentamente começo a sentir os primeiros sinais de movimento na cidade e que gradualmente se vão intensificando, fazendo com que uma onda de adrenalina me invada como há muito não acontecia…uma sensação que não me era desconhecida por completo, mas estava algures perdida dentro de mim e que tu despertas sem querer…e surpreendentemente o movimento da rua não te deteve, bem pelo contrário, e senti que tal como eu cedias ao mesmo prazer…

E o meu corpo reage inflamado ao toque lhe vais imprimindo, primeiro nas nádegas, depois nas costas e finalmente nos seios, que contornas e acaricias demoradamente enquanto a tua outra mão desliza pelo meu corpo quase nu…para de seguida começares a acariciar-me por cima das cuecas, gesto que te deixa perceber quão molhada estou, não pela água do mar, mas pelo efeito da excitação que sinto. E sem mais demoras , acorrento-te propositadamente o pénis entre as minhas pernas, roçando-o nos meus lábios…num exercício sublime e que me deixa no limiar da loucura. Não sabes (como poderias saber?), mas o meu orgasmo não tarda porque simplesmente não resisto a esta combinação do toque dos teus dedos através do tecido das minhas cuecas e do roçar do teu pénis nos meus lábios vaginais…

Puxas-me mais para ti e sinto os teus lábios percorrerem a minha pele, queimando-a até alcançarem o meu pescoço um pouco antes de afastares o meu cabelo molhado…e nesse momento viro-me para te encarar, devolver-te num olhar apenas o que provocas no meu corpo…e os teus lábios contornam o meu pescoço e acabam por repousar nos meus lábios…envolvendo-os…trincando-os delicadamente até a tua língua os percorrer para depois se enrolar na minha. Sabes deliciosamente a mar e a pecado…torturas-me…

Levantas-me e sentas-te onde anteriormente eu me encontrava, desembaraçando-te rapidamente da restante roupa que ainda cobria o teu corpo.

- Quem és tu? – Volto a perguntar-me e volto a não precisar da resposta.

O teu olhar perscruta o meu corpo demoradamente e logo a seguir puxas-me para ti e sentas-me no teu colo, tocando o meu corpo que, naquele momento já não concebe separar-se de ti. Em cima de nós ouço duas pessoas conversarem…olho para ti, observo o impacto que aquela proximidade provoca e vejo um sorriso perverso nascer nos teus lábios e contagiar os meus…trinco o lábio novamente e fecho os olhos quando sinto a tua mão voltar a percorrer o meu corpo até voltar a tocar-me através do tecido das cuecas enquanto os teus lábios sugam um dos meus mamilos…recomeças a masturbar-me…e nesse momento o descontrole com que te sinto faz com que te libertes das minhas cuecas com uma brusquidão imperativa…tornando impossível qualquer utilização futura.

Nua e sentada no teu colo, vou sentindo o teu pénis deslizar pelos meus lábios até finalmente entrar dentro de mim…

"Quem eras tu e o que estavas a fazer-me? Não conseguia responder a estas perguntas, muito menos naquele momento, mas sabia que, por mais estranho que pudesse parecer, e contrariando todas as regras possíveis, porque afinal eras um mero estranho, o turista da noite passada, um desconhecido…eu reconhecia-me contigo e pior reencontrava partes de mim que julgara esquecidas no tempo.


E literalmente perdidos um no outro, vemos gradualmente o nosso espaço ser invadido pelos transeuntes que nos miram curiosos, possivelmente pela visão de algo singular. Não sei o efeito que a presença deles terá em ti, mas sei o efeito que têm em mim. E travamo-nos a custo…e sinto, nesse momento, o teu olhar repousar em mim à procura da resposta em relação a esta exposição. As nossas respostas não tardam e sobrepõem-se: eu mordo o lábio inferior e tu sorris, assegurando desta forma o desejo que sentimos e a inevitabilidade de não o conseguirmos deter, particularmente nestas circunstâncias.


E nesse momento entrego-me mais…passo às minhas mãos em volta do teu pescoço e arqueio o corpo para trás, incitando o teu toque no meu peito que exibo sensualmente diante de ti, enquanto me vou afundando mais e mais em ti, recomeçando o ritmo perdido. E nesse momento de perdição as tuas mãos percorrem o meu corpo nu…que balança sobre ti, enquanto a tua língua desliza pelo meu mamilo, que vai endurecendo à sua passagem e cuja repercussão é um gemido que não oculto e cujo efeito sei que te provoca e incendeia.

E, nessa altura, prendo-te a mim num abraço que termina quando os meus lábios envolvem delicadamente os teus, consumindo-os lentamente até a paixão ser capaz de vergar esta aparente calma e deixar que a urgência se manifeste sob a forma descontrolada que os nossos movimentos subitamente adquirem.

E afundo-me mais em ti, aprofundando a penetração e intensificando a cadência dos movimentos que sei que nos levarão ao orgasmo rapidamente….que nos levam juntos…num caminho já sem retorno…em que cedemos em simultâneo, ignorando por completo o olhar curioso de quem passa e o olhar crítico de quem permanece.


Rendo-me…rendes-te…e permanecemos em silêncio como que tentando reter o momento e tentando em vão decifrá-lo. Procuro o teu olhar na tentativa de encontrar alguma explicação, alguma resposta, mas quando o meu olhar encontra o teu sou surpreendida pela magnitude do que encontro e para a qual não estou minimamente preparada. E perco-me quando é amor que encontro…amor? E entrego-me quando também eu me revejo nesse sentimento…neste momento…em ti…e digo-te sem reserva:


- Amo-te… - estremeço ao dizer-te em português o que sinto e dessa forma dando sentido ao que não consigo explicar, embora reconheça. E quando julgava ter apenas ouvido o eco da minha voz, percebo que não…o meu eco és tu…que também em português me devolves e ao mesmo tempo a verdade que o teu olhar já me tinha revelado: amo-te, dizes-me sem medo. E o tempo pára como se fosse possível reter-nos nesse momento de rendição absoluta num simples e inofensivo frame fotográfico…

 
 
 

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