MANAROLA - PARTE V
- Eva Ribeiro
- 19 de mar. de 2021
- 4 min de leitura

É um completo absurdo aquilo que acabamos de confessar um ao outro, mas sinto dentro de mim que é a única coisa que faz sentido. A única certeza que tenho.
Encontrei o que não procurara, (ou desistira de procurar) mas neste momento esse amor preenche-me por dentro, aquecendo-me o coração de uma forma que nunca jamais experimentara.
È uma loucura – pensei. Mas era tão bom sentir-me assim!
E esta mulher quem é? Este anjo que me trouxe em tão poucas horas (em minutos…) a felicidade?
Eva … não sabia nada sobre ti, mas o meu coração parecia saber tanto.
Agora que a luxúria estava, temporariamente, a ser substituída pelo … amor (?!), começamos a regressar à realidade.
Os teus lábios azulados espelham bem o desconforto em que te encontras, apesar do sorriso maravilhoso que desenham.
Apresso-me a ajudar-te a vestir, rapidamente, e em segundos visto as calças e o pólo, sem perder mais tempo com outras peças de roupa.
Abraço-te com força, tanto para te emprestar algum do meu calor, como para te sentir novamente junto a mim.
O teu rosto dá sinais de recuperar a cor e rapidamente começamos a subir o caminho em direcção à aldeia.
Sinto-me desconfortável a pensar nas reacções que encontraremos, mas tu enlaças o meu braço enquanto repousas a tua cabeça no meu ombro.
E esqueço-me do mundo novamente … sorrio, sem me preocupar com o futuro.
Vamos passando pelas pessoas sem qualquer reacção especial.
Os turistas, com um ar claramente mais divertido; os Genoveses, com um olhar mais fechado, mais severo, mas agradavelmente caloroso.
Pelas reacções (ou ausência dela), posso jurar que sentem que assistiram a algo de verdadeiramente mágico – o nascer de um amor intemporal, e claramente sentem que não devem interferir.
Sigo-te pelo braço, em silêncio, sem qualquer desconforto.
O eco daquele “amo-te” que ouvi dos teus lábios, que li nos teus olhos, que senti no teu corpo ainda me preenche e tu também não sentes necessidade de calar o silêncio,
Dou por mim a seguir-te para dentro do teu apartamento.
Tu dás uns passos em direcção ao interior e quando fecho a porta, deixas escorregar o vestido para o chão. Céus, és tão bela!
Paras uns segundos, maliciosamente, enquanto saboreio com o olhar o teu corpo desnudado, de costas para mim.
Viras a cabeça ligeiramente na minha direcção mas não chegas a fitar-me nos olhos.
Enquanto avanças em direcção à casa de banho, consigo vislumbrar um fugaz morder de lábio e fecho os olhos deliciado de prazer.
A água começa a correr na banheira e eu ouço-me pensar:
- Eva … és absolutamente adorável. Estou perdido.
Acordei primeiro e fiquei a fazer festas no teu cabelo.
Estavas linda, a dormir. Parecias um anjo com um sorriso maravilhoso de felicidade e eu fiquei ali perdido a ver-te adormecida.
Uns minutos depois, acabaste por acordar.
- Buongiorno, - disseste-me, enquanto te espreguiçavas como um gato. Sorri.
- Buongiorno principessa. Ainda não te disse o meu nome: Carlos.
- Há uma coisa sobre mim que não te disse - disseste com um sorriso forçado.
De repente, milhões de possibilidades cruzaram a minha mente, apagando a minha felicidade dos lábios.
- Parto daqui a umas horas para a Escócia, por uma semana.
Dei uma gargalhada. Fiquei uns segundos pensativo, e dei por mim a dizer:
- Ainda não desfiz a mala … Nunca estive na Escócia.
Ficaste a fitar-me, séria, no silêncio por uns segundos.
Por fim, fizeste um ar levemente divertido e disseste-me:
- És completamente louco. Quem és tu?
Corri para a pensão onde estava alojado para trocar a roupa salgada que trazia e um banho rápido.
Tencionávamos ir para o aeroporto o mais rapidamente possível a fim de comprar um bilhete para mim, pelo que nos tínhamos despachado tão depressa quanto possível.
O voo estava cheio e havia apenas lugares em Business Class. Comprei um bilhete para ti e mudamos o teu para Business também para viajarmos juntos.
Os nossos corações batiam a mil enquanto embarcávamos juntos no avião e em mais esta loucura.
A Business Class estava relativamente vazia. Apenas nós e outro casal, pelo que as hospedeiras não precisavam de perder muito tempo na nossa secção.
Tínhamos levantado o braço da cadeira entre nós e estávamos tão agarrados quanto possível.
Acariciava as tuas costas, os teus ombros, o teu pescoço e os teus ombros, despreocupadamente.
O avião iniciou a descolagem e a adrenalina disparou.
Eu fazia aquilo que fizera sempre em viagens de avião. Fechava os olhos e imaginava-me de partida numa nave espacial, em direcção ao espaço sideral e novos mundos.
Por estar de olhos fechados terás pensado que estava com medo, porque me sussurraste ao ouvido.
- Sossega. Eu estou aqui.
As tuas palavras trouxeram-me de volta à realidade, bem melhor que qualquer fantasia que alguma vez tivesse imaginado.
Debruçamo-nos sobre a janela para apreciar a vista e a minha mão repousou na tua perna.
O cheiro do teu perfume, a tua pele, o teu cabelo, começaram a trazer-me à memória os momentos de intimidade que experimentáramos … esta manhã.
Céus! Sentia-me como se te conhecesse a vida toda. Como era possível? Quem és tu?
A minha erecção cativou a tua atenção, e começaste, por cima das calças a acariciar-me o pénis.
Meti a minha mão entre as tuas pernas, para acariciar-te por cima das cuecas.
Fechaste os olhos num adorável esgar de prazer.
Comecei aos poucos a sentir aquele impulso incontrolável que me tinha levado a fazer amor contigo em frente a uma multidão.
Sabia que em breve estaria a despir-te. Não iria conseguir controlar-me.
Levantei-me apressadamente, para interromper o já quase inevitável rumo dos acontecimentos que culminaria comigo a despir-te a fazer amor contigo.
Avancei em direcção à casa de banho para refrescar-me e recuperar a compostura.
Entrei na casa de banho e tu, atrás de mim, empurraste-me para entrar, também.
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