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OS VIZINHOS DA FRENTE - PARTE I

Atualizado: 8 de nov. de 2023


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A música ecoava no meu apartamento e eu, apesar de não saber a sua proveniência, não me incomodei muito pois estava entretida com algumas coisas. Tomei um banho rápido e arranjei-me para sair, tendo escolhido para vestir uns jeans e uma sweat um pouco justa e, claro, as habituais gazelle. E depois coloquei rímel nas sobrancelhas, gloss nos lábios e não tardei muito a fechar a porta de casa. A música ouvia-se mais nitidamente e fiquei a saber a proveniência: a porta dos meus vizinhos da frente. E desloco-me para a porta do elevador quando começo a ouvir gemidos que, no início se confundem com a música, mas que depois acabam por se diferenciar, numa cadência crescente e que me é familiar. O meu corpo reage de imediato àqueles sons, reconhece-os e fecho bem devagar a porta do elevador, que entretanto tinha chegado, deixando a luz de presença do meu andar apagar-se. Caminho silenciosamente até à porta do apartamento e fico a escutar. O meu corpo clama o toque e nem preciso de passar uma das mãos pelo peito para confirmar que os meus mamilos endureceram…e muito menos de abrir os jeans e baixar um pouco as cuecas, pois sei que estou excitada. Limito-me a abrir a carteira e a pagar no telemóvel. A luz apaga-se nesse momento e começo a filmar. Os gemidos dela sobrepõem-se agora à música e os dele começam a ouvir-se. Pressinto o orgasmo de ambos pela forma como cada um deles geme, o que acaba por acontecer segundos depois e que acabou por ficar registado no pequeno vídeo que fiz.

E ainda antes de entrar no elevador, escrevo num pequeno papel o meu contacto e algumas palavras, colocando-o em seguida por baixo da porta deles.

Saí para a rua e felizmente o ar mais fresco equilibrou o calor que eu sentia. Por momentos tive a sensação de que tinha cometido algum delito e que qualquer pessoa que olhasse para mim, iria facilmente descobrir, mas obviamente que sabia que isso era fruto da minha imaginação. Caminhei uns bons metros antes de entrar no carro e tive a sensação de estar a ser observada, sem saber muito bem por quem, mas rapidamente com o carro em andamento a sensação dissipou-se. Liguei o rádio e deixei a minha playlist ocupar aquele silêncio lascivo.

Dou comigo presa numa fila de trânsito e a esfregar as pernas uma na outra e a olhar ansiosamente para o visor do telefone, como se aguardasse a qualquer momento uma chamada deles.

Fiz as compras que motivaram a minha saída de casa e pouco depois estava já a estacionar e o telefone toca. Percebi que era um número de serviço a ligar-me e ignorei. Algum tempo depois o telemóvel toca de novo e julgando que se trataria do mesmo número, tardei a pegar nele, mas quando vejo um número desconhecido da minha lista telefónica, atendo, depois de ter contado até três e ter percebido que isso não ajudou nada.

- Estou? – Digo eu com uma voz um pouco trémula.

- Não estás aqui ainda. – Ouço a voz dela jocosa.

- Quem fala? – Pergunto, sem saber muito bem o que dizer.

- A tua vizinha, ou melhor o teu vizinho também está aqui. Recebemos um bilhete teu, um convite…daqueles que não se diz que não… – Diz ela entre risos.

- Estou a entrar no prédio. Toco à porta ou fica para outro momento? – Perguntei, agora sim já revelando os meus instintos predatórios.

- Queremos saber-te….saber o que ouviste…saber o que queres ver…para mais tarde escreveres, julgo que foi isso que percebi, Eva. Já agora queres…? – Perguntou ela e o meu corpo voltou a ceder, pois sabia que ela estava a perguntar-me se queria juntar-me a eles…ver…ser vista…entrelaçar-me naquele prazer e também escrever sobre isso.

- Estou a subir. Já passo aí. – Desliguei a chamada e entro no elevador, sentindo a minha respiração pesada e o meu corpo sedento. Queria mostrar-me menos ansiosa, menos faminta, mas naquele momento o meu corpo não obedecia.

Pousei os sacos com as compras dentro de casa, fechei a porta de seguida e virei-me no sentido inverso, caminhando até à porta deles. Toco à campainha e ouço as vozes deles no interior. Abrem a porta e vejo-os pela primeira vez, pois nunca me tinha cruzado com eles antes. Ela era o oposto de mim, pele clara, um pouco mais magra e o cabelo fino e loiro, que caía sobre os ombros. Apesar de ter vestido um robe, as formas dela sobressaíam pelo tecido e os mamilos dela evidenciavam-se numas mamas mais pequenas mas bem definidas. Ele também vestira um robe, mas estava aberto, evidenciando uma tez mais escura e um cabelo desalinhado preto. Percorri com o olhar o corpo dele e depois devolvi-lhes um sorriso em sinal de aprovação.

- Estou demasiado vestida para esta conversa. – Digo e a porta fecha-se atrás de mim.



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