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QUARTO 903 - PARTE I

Foto do escritor: Eva RibeiroEva Ribeiro

-Nome, por favor? - Pergunta a recepcionista do hotel para confirmar a reserva que tinha feito.

-Joana Albuquerque. - Respondo prontamente. - Precisa do meu cartão de cidadão? – Pergunto, já me preparando para pegar na carteira e tirar o documento.

-Não obrigada. Temos aqui todos os seus dados, estava apenas a ver qual o quarto que temos disponível. - Disse-me.

-Se puder, preferia o último andar e com uma cama grande. - Disse com um sorriso perverso nos lábios.

-Boa escolha. Tenho o quarto ideal para si. - Disse, entregando-me a chave do quarto e, nesse momento, sinto uma leve carícia dela nos meus dedos, algo quase impercetível, mas que eu senti.

-É preciso mais alguma coisa da minha parte? - Perguntei cordialmente, observando agora a mulher morena por detrás da farda. A camisa justa que trazia deixava perceber as formas dela e os cabelos compridos e semi-ondulados pendiam-lhe abaixo dos ombros. Naquele momento, deixei aquele devaneio pois estava ansiosa por um banho. E vejo-a escrever algo num cartão e entregar-mo pouco depois, admitindo que pudesse ser a password do wifi.

-Não, não é preciso mais nada, para já. Tenha uma boa estadia. – Disse-me.

-Obrigada. - Agradeci e afastei-me, sentindo o olhar dela em mim, enquanto me dirigia para o elevador.

Estava tanto calor que sentia o vestido colar-se ao meu corpo e torcia para que o ar condicionado do quarto estivesse a funcionar e já ligado. Entro no elevador, com a pequena mala atrás de mim e quase ao mesmo tempo sai um homem de fato e gravata e que quase me atropela.

-Desculpe. Estou um pouco atrasado. - Confessou enquanto a porta se fechava.

-Sem problema...eu tenho todo o tempo do mundo... - E subi em direcção ao último andar do hotel...propositadamente escolhido em frente ao mar.

Procurei o número do quarto e quando abri a porta, a frescura proporcionada pelo ar condicionado, percorreu-me o corpo, provocando-me um arrepio que me deixou o corpo todo eriçado...

Descalço as sandálias e deixo a mala no hall do quarto....dou mais uns passos e deixo-me cair na cama e fico a olhar para o tecto, durante uns bons minutos, sem qualquer reação...sentindo apenas calor e cansaço da viagem. Dispo-me e pego no telefone, tentando captar o wifi do hotel. Pego no cartão que a recepcionista me deu e percebo que a password não está lá escrita, apenas um número de telefone.

Fecho os olhos e ligo para o número que está no cartão.

-Boa tarde. Sou a hóspede do quarto 903. Procurava a password do wifi e este era o número que estava escrito no cartão que me deram na recepção.

-Boa tarde Joana. Posso dar-lhe a password do wifi, quer anotar? - Perguntou a voz que eu reconhecera como sendo da recionista que me tinha atendido no check in.

Anotei, mas fiquei curiosa.

-Estou a falar com a mesma recepcionista com quem fiz check in, certo?

-Correcto. Mas este é o meu numero e não o do hotel... - E calou-se por momentos.

Percebi naquele momento...tudo…

-Posso perguntar porque me deu o seu número pessoal? - Perguntei já sabendo a resposta.

-Pode...mas já sabe a resposta. - Diz-me prontamente.

-Sei? - Naquele momento não lhe ia facilitar a vida.

-Sabe. Gostava de ir ter consigo no final do meu turno... - Disse-me tão directamente que só me ocorreu uma resposta.

-Não....deve ter-se enganado no quarto, na pessoa... - Mas ela interrompe-me.

-Joana Albuquerque, certo? - Perguntou-me, não me dando hipótese de fuga.

-Sim...sou eu. - E nesse momento apesar de estar deitada, nua, sobre a cama a minha postura muda.

E um silêncio instala-se e percebo que um cliente chegou para, tal como eu, efectuar o check in no hotel.

Desligar ou não desligar a chamada? A pergunta ecoa...mas a vontade de saber mais, é mais forte. Decido aguardar e pouco depois ouço de novo a voz dela.

-Obrigada por ter esperado. Podemos conversar depois de o meu turno acabar? - Perguntou ela e desta vez fiquei menos assustada com a pergunta.

-Podemos. Vem até ao meu quarto? Já percebi que tem uma bela varanda virada para o mar...mas posso pedir que traga as bebidas e algo para comermos? - Perguntei com ousadia. - Desculpe a ousadia, mas de outra forma terei de me ausentar para comer algo e regresso depois. Não sei como prefere? - Perguntei, já andando de um lado para o outro no quarto.

-Saio às 22h00 e pedirei room service. - Assegurou-me.

-Ainda não sei o sei nome... - Disse-lhe.

-Carolina.

-Prazer e até logo. - Digo e desligo o telefone.

Atiro o telefone para o outro lado do quarto, quase o quebrando de tão furiosa estar por ter aceite uma conversa com uma desconhecida...tão facilmente.

E o tempo passa...e pouco depois das 22h00 alguém bate à porta.

-Serviço de quartos. - Diz uma voz do outro lado.

E avanço até à porta do quarto e deixo a funcionária do hotel entrar e deixar um carrinho com o pedido que, desta vez, não fora feito por mim. Fecho a porta e agradeço.

Vou até à varanda...e aguardo, mas já depois de um banho tomado e outro vestido no corpo.

Cerca de 10 minutos depois tocam de novo à porta e sei que é ela.

-Carolina. - Faz-se anunciar.

-Boa noite Carolina. - E faço-lhe sinal para entrar.

Já não veste a tradicional farda do hotel e sim um vestido curto preto, de alças e sandálias de cor. Mal a reconheço, pois jamais diria que seria a mesma pessoa se me cruzasse com ela na rua.

-Boa noite Joana.... - E foi entrando, ficando parada em frente à cama. Ainda bem que trouxeram o que pedi. Parece-lhe bem irmos até à varanda? - Perguntou-me.

-Sim...porque não? Uma noite quente como esta convida a isso mesmo...

E pouco depois já estávamos ambas sentadas a olhar o atlântico, sob a luz atenta da lua, e a saborear o repasto que ela tinha cuidadosamente escolhido. Uns queijos, uns patês, uns cogumelos salteados e uns pimentos padron e um vinho tinto da região de Setúbal, a minha preferida.

-Continuo a fazer a mesma pergunta... - Digo-lhe. - Porquê? Porquê eu? - Pergunto quase de forma inocente.

-Porque eu amanhã estou de folga e sei que vai ficar hospedada duas noites no hotel, certamente em trabalho, e quando fez o check in….apeteceu-me passar uma noite diferente. Não tenho muitas amigas, os meus horários nem sempre me permitem uma vida social como eu gostaria…. – Confessou e como eu a entendia.

-E depois de olhar para mim, em cinco minutos achou que ia ter aquela noite? - Perguntei de forma mais rude, como é habitual quando quero chocar.

-Sim...apeteceu-me algo diferente e com alguém diferente.

-E tinha que ser logo eu? Uma mulher…uma hóspede… - Digo, mais a falar comigo mesma do que com ela.

-Achei que tinha algo de diferente. Despertou-me curiosidade, vontade de mais, de a conhecer melhor. – Confessou.

-E porque acha que eu aceitaria a sua companhia? – Perguntei-lhe.

-Não sabia, até receber a sua chamada. – Respondeu-me simplesmente.

- Péssima escolha Carolina.... - Digo falando com sinceridade.

-Porquê? - Perguntou ela, desta vez com a ingenuidade de quem realmente quer saber porque falhou na escolha...se é que falhou.

- Nem sei por onde começar…acho que antes de responder a essa pergunta vou comer um pouco mais de queijo…e acompanhar com este tinto delicioso que escolheu. – Disse, tentando deixá-la tensa….e a mim dar-me tempo…para caçar como eu gosto.

E algum tempo depois, começo por lhe dizer:

- Adoro um bom desafio... – Digo e deixo o resto no ar.

- Somos duas. – Disse olhando, sem complacência para o vestido vermelho, que eu tinha escolhido para vestir, sem costas e com uma racha de lado, indiscreta qb e com um decote bem pronunciado.

E nesse momento levantei-me para observar a vista do 9º andar e sinto-a, quase de imediato atrás de mim, percorrendo as minhas costas nuas com um dos dedos, eriçando-me a pele por completo e revoltando-me os sentidos. E repetiu o gesto, mas agora roçando-se em mim com as mamas, deixando-me sentir a dureza dos mamilos e obrigando-me a resistir, um pouco mais, cravando com força as minhas mãos no varandim.

Não me mexi, deixei-a tocar-me como quis…livremente…até sentir uma das mãos dela esgueirar-se, pela racha do meu vestido, e começar a tocar nas minhas pernas, em sentindo ascendente, até alcançar as minhas cuecas…tocar-me por cima do tecido…e foi esse o momento que escolhi para me virar para ela.

E sem dizer uma palavra, desaperto o meu vestido de cetim, preso apenas por um cordel, ao pescoço e deixo-o deslizar sobre mim, lentamente, provocando exactamente o efeito que eu queria, ficando apenas com umas cuecas vermelhas no corpo e com as sandálias nos pés. Ela apenas tinha descido as alças do vestido preto, mas depois deixou o resto do vestido cair e percebi que estava nua por baixo.

- Continua a achar que foi uma péssima escolha Joana? – Perguntou-me ela.

- Veremos…tenho um amigo meu prestes a chegar. Vamos deixar que seja também ele a julgar? – Perguntei, deixando-a sem palavras.

- Vamos ter companhia? – Perguntou ela, não contando com este imprevisto.

- Eu ia ter companhia e continuo a ter porque estás aqui, mas ainda vou a tempo de lhe dizer para vir amanhã. – Digo, deixando a decisão do lado dela.

-E ele é como tu? – Perguntou-me com algum receio.

- Não…é melhor…e tal como eu adora mulheres na mesma cama. – Respondi e nesse momento aproximei-me dela, sentindo primeiro o toque das mamas dela nas minhas, depois os mamilos a roçarem uns nos outros, para só depois lhe beijar os lábios, com intensidade. – Que digo ao meu amigo? – Pergunto-lhe num sussurro…e já com uma das mãos numa das mamas dela.

-Que venha só daqui a uma hora, pode ser?

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