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CARNAVAL - PARTE I


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Rio de Janeiro ou Veneza?

Tinha sido a primeira pergunta que fizera quando escolhi tirar férias no carnaval e iria decidir para onde iria. Se mudaria de continente ou se ficaria no mesmo? Se me manteria no Inverno ou se preferia o Verão como estação do ano?

Escolhi Veneza e contrariamente à ideia inicial romantizada que tinha da cidade, iria visitá-la sozinha, sem aquele grande amor ou o amor da minha vida...

Rapidamente marquei a viagem e o alojamento e fiz uns quantos contactos, daqueles que mantinha de outros tempos, mas que tenho sempre à mão, não vá precisar deles.

E hoje em dia, com a facilidade nas comunicações e contactos, tudo estava mais facilitado...e para além das reservas feitas, tinha uma festa de carnaval marcada...daquelas que precisaria de reservar antecipadamente, de ir vestida a rigor e à qual faria questão de ir...sozinha.

Aterrei em Veneza, preferindo do que fazer escala em Milão, que era a opção mais fácil. Isso iria obrigar-me a pernoitar em Milão e a alugar um carro e, na verdade, queria era perder-me nas ruas de Veneza e esquecer qualquer outro lugar naquele país que me desviasse dela.

Estava previsto bom tempo para os dias em que estaria pela cidade, pelo que escolhi para a noite da festa, um vestido mais leve, mais decotado, mas suficientemente discreto para sobressair a minha máscara, essa sim, exuberante e imponente...daquelas às quais é impossível ficar indiferente ou desviar o olhar, passar despercebida no meio de tantos desconhecidos.

Aquele primeiro dia na cidade foi de reconhecimento...jeans e ténis...e percorri a cidade de uma ponta à outra, visitando os principais marcos venezianos e que sabia de cor, desde pequena.

Sentada na praça de S. Marcos saboreava um simples café enquanto me deliciava em ver as pombas esvoaçarem uma e outra vez, como que fazendo parte daquele cenário, embelezando-o ainda mais.

- Posso sentar-me? - Ouvi alguém perguntar em italiano para mim, interpelando-me relativamente a ocupar a cadeira que estava ao meu lado, ou seja, sentar-se na minha mesa.

Tinha a certeza que culturalmente, não era algo não habitual, mas aquele nativo que, por sinal era um homem bastante interessante acabara de me propor.

- Porque não? - Respondo eu em português.

- Espanhola? - Perguntou ele e olhei para ele com ar de poucos amigos. - Não. Claramente portuguesa. - Diz ele desculpando-se pelo equívoco que já me tinha sucedido várias vezes.

Fiquei à espera que me dissesse o porquê de ter ocupado a minha mesa, quando havia algumas livres em redor e mostrou-me um cartão.

- Agora entendo. O contacto que fiz. Como sabia que era eu? - Perguntei percebendo que os contactos que ainda fizera antes de sair de Portugal para a festa tinham dado mais frutos do que esperava.

- Pela forma graciosa como se move, como segura na chávena do café, pela forma como olha em redor, mas a fotografia que nos enviou de si, não deixa dúvidas. - Diz ele lembrando os dados que eu tinha enviado previamente ao convite ter sido aceite.

- Mas não era suposto só nos encontrarmos na festa. A minha identidade, o que faço fora do tempo em que estarei na festa é algo privado...aquilo que está a fazer chama-se invasão de privacidade. - Digo indignada, preparando-me para me levantar.

- Não, está completamente enganada. A última fase de conclusão do processo de candidatura que nos enviou apenas termina pessoalmente. Temos sempre que confirmar que a pessoa que nos envia os dados é quem diz ser, que corresponde ao que nos enviou e que expectativas tem em relação à festa. - Esclareceu ele.

- Então simplesmente quis confirmar que era eu? - Pergunto. - E agora que mais pretende?

- O que espera da festa? - Foi objectivo e antes de lhe responder fixei os meus olhos no verde dos dele, reparando numa pequena mexa de cabelo mais clara e solta e que sobressaía no cabelo escuro. A roupa casual, mas de uma elegância que me era difícil ficar indiferente...

- Um baile de máscaras com o ingrediente secreto que me fez viajar todos estes kms e sozinha.- Digo evasivamente em inglês, pois não dominava a língua a ponto de conseguir manter um diálogo e ele tinha fizera o mesmo.

- De que ingrediente me está a falar? Pode ser mais especifica? - Perguntou enquanto pedia uma água ao empregado do café.

- Sexo. Prazer. Segredo. Luxúria. Elegância. Podia continuar...mas juntei mais uns quantos ingredientes ao sexo. Chega ao precisa de mais alguma coisa? - Perguntei achando que me iria deixar pouco depois, mas estava um pouco enganda.

- Sexo? Especifique...

- O que faz uma turista portuguesa sozinha em Veneza e reserva a ida a um baile de máscaras veneziano, sabendo perfeitamente o tipo de festa que escolheu? - Perguntei-lhe.

- Estou à espera da sua resposta...é precisamente essa a pergunta que quero que responda. - Disse muito diretamente.

- A sério que esta minha resposta não foi suficiente para si? - Perguntei furiosa.

- Não...preciso de mais. - Disse ele, bebendo a sua água, lentamente.

Praguejei baixinho e estive a pontos de desistir de ir à festa, apenas porque detestava aquele tipo de questões.

- Porque não fazem essas perguntas no questionário que nos enviam? - Perguntei.

- Fazemos outras, mas só pessoalmente se pode responder a isto e sentir as intenções que tem alguém que vem de fora. - Responde-me.

- Quero perder-me no meio de todo aquele glamour...saber que posso tudo e jamais alguém saberá quem eu sou. Apetece-me vestir a minha pele por baixo desta máscara e esta festa tem o mote perfeito para isso. Podia dizer-lhe que venho na expectativa de foder...de ter um encontro imediato que me arrebate, mas pretendo ter prazer com os sentidos todos, na mesma noite, com uma ou várias pessoas...ainda não me decidi. Mais alguma coisa? - Perguntei, percebendo que ele já tinha terminado de beber e se preparava para me deixar.

- Vemo-nos na festa Beatriz. - Diz ele e segurei a mão dele e disse-lhe.

- Duvido que me consiga encontrar por detrás de todas as máscaras e vestidos. Boa sorte... - Digo e começo a rir dele e daquilo que sei que ele não vai conseguir.

- Pelo perfume chego a si. - Diz ele enfrentando o meu olhar.

- Trouxe outro, por isso, lamentavelmente terá a sua tarefa muito mais dificultada. - Digo orgulhosa de mim.

- Não falo desse perfume...o perfume que o seu corpo emana...a essência que está na pele, cada mulher tem a sua...e essa marca vou provar-lhe que a irei encontrar no dia da festa. - Diz ele e desaparece, com a mesma velocidade que ali apareceu.

- Perfume, essência.... - Repito, em voz baixa, já depois de ele ter abandonado o café. Dei por mim excitada, sedenta de prazer e ainda a uma noite da festa. Lembrei-me, nesse momento do pequeno objecto que me acompanha sempre em viagens destas e que guardei propositadamente na minha carteira: um vibrador, com uma pequena extremidade que estimularia o clitóris após o colocar e prender com as cuecas.

Antes de sair passei no wc e coloquei-o, em modo vibratório dentro da minha cona, deixando a outra extremidade sobre o meu clitóris, sobrepondo no final as cuecas.

Saí do café e rumei ao centro da cidade, parando num ou noutro ponto para mais uma foto. Não me cansava de fotografar e nisto andar de gôndola ao final da tarde pareceu-me uma ideia fabulosa e o final perfeito para o meu prazer.

Subi a bordo e, estranhamente, apenas entrei eu e outro homem. Ía apenas o gondoleiro e nós os dois. Dois estranhos, aparentemente outro turista como eu e que se sentou no outro lado, mesmo em frente a mim.

Tirei algumas fotografias, mas o que mais prazer me deu foi inclinar-me de lado e discretamente fazer mais pressão no vibrador. E quando olhei para o lado percebi que estava a ser observada por aquele estranho, enquanto o barco se movia ao sabor daquela maré e das palavras que o gondoleiro nos ia relatando.

Não havia como esconder que me estava a masturbar e foi nesse momento que ele se veio sentar ao meu lado.

- Assim ele não percebe e tu acabas o que começaste. - Diz ele num inglês perfeito...com um sotaque inglês marcado e que acompanha uma figura elegante.

- O que comecei? - Pergunto-lhe.

- A tocar-te...e sabendo que podias ser vista. - Diz ele e o corpo dele oculta-me quase por completo do gondoleiro, que não estranha aquela proximidade entre nós.

E toco-me, embalada pelo movimento da gôndola e pelas palavras em inglês que ele me vai dizendo...e me fazem estremecer pouco depois, encostando a cabeça no peito dele.

E a viagem chegou ao fim e preparava-me para seguir caminho quando sinto uma mão puxar-me.

- Onde estás hospedada? - Perguntou-me.

E quando dei por mim, estavamos no quarto do hotel onde estava hospedada, a foder na varanda...sob os olhares de quem pudesse passar na rua e sem estarmos preocupados com isso.

Saiu provavelmente 2h depois de ter entrado, o que apenas me dera tempo de tomar um banho rápido e sair para comer qualquer coisa.

Ainda sob o efeito daquela adrenalina, saí do hotel e saí em busca de um local que me alimentasse de outra forma. E rapidamente entrei numa pizzaria, aparentemente banal, mas com um ou outro pormenor decorativo que me fizera entrar sem hesitar.

Saciei a fome e a gula e depois percorri o caminho inverso até ao hotel.

- Estás perdida? - Ouço alguém perguntar-me em italiano e quando me viro para ver quem me dirigiu a palavra encontro o homem do café.

- Não, não estou. Vou para o hotel agora e tu, perdido? - Perguntei, sorrindo por aquela coincidência.

- Um pouco. - Disse o que não esperava ouvir.

E parei nesse instante.

- Perdido na tua cidade? Não me parece. - Digo e retomo o movimento.

- Não estou perdido...mas não consigo deixar de pensar no dia de amanhã...na festa, em ti, no meio de todas aquelas pessoas.

- Nah...dois no mesmo dia...too much. - Disse eu em voz baixa, mas depois para ele apenas lhe disse, antes de apressar o meu passo em direção ao hotel. - Pois bem, veremos se me consegues voltar a encontrar, desta vez com vestido e máscara...

- Se te encontrar na festa, concedes-me um desejo...cedes a um capricho meu? - Perguntou-me abusivamente.

- Sim, porque não? - E desapareço no escuro, fazendo com que me perca o rasto propositadamente.

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