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Dominador(a) - Parte I

Atualizado: 28 de jan. de 2020

Naquele dia tinha agendada uma importante reunião e à qual não podia faltar, mas quando olhei para o relógio, ainda em casa e percebi o quão atrasada estava, só tive tempo de tomar um banho rápido, escolher um simples vestido, um casaco fino a condizer e uns sapatos de salto alto e sabia que pelo caminho iria conseguir maquilhar-me antes de chegar ao escritório.

Pontualmente cruzo a recepção da empresa e rapidamente alcanço o meu gabinete, pegando nos dossiers que já tinha deixado destinados para o dia de hoje e avanço na direcção da sala de reuniões.

Sentei-me, discretamente, aguardando que a minha intervenção fosse solicitada e acalmando a agitação em que me encontrava. Só naquele momento tive tempo de colocar o telemóvel em silêncio, mas qual o meu espanto quando ao fazê-lo vejo uma mensagem tua e leio atenta, mas já ofegantemente as poucas palavras que me escreveste: “Tira as cuecas e enfia na tua carteira.”

Depois de guardar o telefone na carteira, percorro a mesa de reuniões com o olhar e deparo-me com o teu, que maliciosamente me fixa, aguardando-me e analisando perversamente cada movimento meu. E continuo a percorrer com o olhar o resto da sala de reuniões e, entre o que vou ouvindo o nosso chefe apresentar, a mensagem ecoa na minha mente e o meu corpo começa a reagir. Procuro, tentando dissimular uma falsa descontracção, o telefone na minha carteira e quando o encontro, tenho outra mensagem tua: “Porque esperas Puta?” Respiro fundo e escrevo sem medo: “Não…não me apetece, cabrão”. E volto a guardar o telefone e pego numa caneta e começo a escrever algumas notas, sem qualquer interesse, deixando-te desarmado e ao mesmo tempo impaciente. Olho para ti, com a caneta no canto da boca e remexo numa mecha de cabelo escura que cai sobre o meu rosto e vejo o teu olhar, rendido…ao meu não, quase adivinhando a erecção que as tuas calças escondem.

E tinha chegado o momento de eu intervir e o meu chefe pediu a minha ajuda para acrescentar alguma informação ao tópico que ele iniciara e que, sem qualquer dificuldade, me predispus a complementá-lo. De forma confiante e incisiva, mostrei as vantagens de apostarmos no projecto que nos tinha sido apresentado pelo cliente. Rapidamente senti que os olhares de toda a sala iam ao encontro dos meus argumentos e depois de ter terminado a minha intervenção, sentei-me, ficando a aguardar pacientemente mais alguma intervenção. Sabia que possivelmente me tinhas enviado nova mensagem, no entanto naquele momento voltei a escrevinhar algumas notas no meu dossier e pouco depois a pousar a caneta.

E pouco depois de algumas perguntas, foram distribuídas as funções que cada um iria ter naquele projecto e eu sabia, de antemão, que a coordenação do mesmo ia ficar a meu cargo, bem como o trabalho de proximidade com o cliente. Propositadamente deixei todos saírem da sala e aproximei-me do meu chefe, que também era o teu, para trocar algumas impressões e que eram meramente uma forma de me fazer ganhar tempo e te impedir de chegares a mim.

Saíste da sala com o teu fato Hugo Boss, com o perfume a condizer, e que me inebria de todas as vezes que o usas, e deixaste-nos a conversar.

Saciada a minha necessidade de travar os teus ímpetos de dominador, saí da sala de reuniões e dirigi-me ao meu gabinete e pousei os dossiers sobre a minha secretária e comecei a ver os emails. Nesse momento, lembro-me que tenho o meu telefone ainda em silêncio e procuro-o na minha carteira. E vejo uma nova mensagem tua: “6º andar, última porta antes do final do corredor.”

Voltei a olhar para o monitor do PC, mas facilmente constatei que a minha concentração era nula e não valia de nada perder tempo ali. Saí da minha sala, levando carteira e tudo e despedindo-me com um até já de quem comigo se cruzava no corredor até alcançar o elevador.

Suspirei antes de carregar no 6º andar e quando o fiz, tive a certeza que era exactamente o que eu queria. Após ter chegado ao 6º andar, voltei a carregar, mas desta vez no piso 0, de forma a esconder, com mestria, o meu caminho. Percorri o corredor, onde já ninguém trabalhava, pois era usado habitualmente como arrecadação e segui as tuas directrizes. Quando abro a porta, fecho-a de seguida após entrar, sabendo perfeitamente que me esperas completamente descontrolado.

Encontro-te ao fundo da sala, sentado numa cadeira, propositadamente tentando mostrar indiferença…mas vou entrando e caminhando até ti. Desfilo elegantemente e finalmente vejo o teu olhar fixar-me quando percebes que me vou desembaraçando do vestido, ficando apenas com a lingerie preta no corpo, no corpo que reconheces e te conhece.

- Puta, não tiraste as cuecas como eu te pedi. – Dizes em vez do tradicional “olá estás bem? Ou tive saudades tuas”.

- Não, cabrão…não o fiz porque adoro que sejas tu a fazê-lo.

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