PRESA OU PREDADOR(A) - PARTE I
- Eva Ribeiro
- 2 de set. de 2020
- 4 min de leitura

- Como te chamas? – Ouço alguém ao meu lado perguntar. Sorri para o gin que ia saboreando sozinha no balcão do bar e sem olhar para ele perguntei-lhe, sem medo:
- Achas que é assim que vais chamar a minha atenção? – Perguntei.
- Não pretendo chamar a tua atenção. Pretendo, tal como tu beber um copo aqui no balcão, mas achei que uma conversa normal faria sentido. Desculpa se te incomodei. – E nesse momento, ouço-o pedir a mesma bebida, mas com uma outra especiaria diferente e a virar-se noutra direção. Quase fiquei ofendida pela desatenção dele, mas a verdade é que eu dera-lhe os pretextos todos e ele simplesmente estava a respeitar o espaço que eu quase exigi.
- Ana… - Digo simplesmente. – Não retirando os olhos do meu copo, mas percebendo a rotação do corpo dele na minha direção.
- Carlos…. – E desta vez vejo-o levar o silêncio imposto pelo limite que eu criei até ao extremo.
- Estou cansada de…. – E preparava-me para continuar…mas sou surpreendida pelo que ele me diz.
- …de ouvir sempre as mesmas conversas, mas mesmas investidas, o mesmo discurso com o mesmo propósito….acredito… - Diz ele e espera a minha reação.
- Estás a insinuar que eu provoco isso? – Perguntei furiosa.
- Sim…é assim tão estranha a minha observação? – Perguntou ele e começou a saborear o gin.
- Não, é estúpida. Estou aqui sentada, a saborear o meu gin, ignorando completamente o que se passa à minha volta e tu insinuas que eu provoco…. – Digo, voltando a beber um pouco mais.
- Mas provocas…insinuas…queres…e isso não passa despercebido a ninguém neste bar. – Disse com uma segurança que quase me deu vontade de lhe dar um murro.
- Tenho que te dar crédito. Afinal do nada já conseguiste chamar a minha atenção, alegando coisas sem sentido. – Digo, sentindo-me quente…
- Se não tivesse qualquer sentido o que te disse, já não estavas a falar comigo. Ignoravas-me…como fazes a tantos…tantas…mas por alguma razão, faz sentido. – Diz e eu perco o controlo, aproximando-me dele.
- Vamos para aquela mesa e vais explicar-me o que queres dizer com isso... – Digo apontando para uns sofás mais afastados da confusão do bar.
Ele não me contrariou. Seguiu-me e sentou-se comigo no mesmo sofá em veludo avermelhado e que tinha a mesma forma arredondada da mesa.
- André, Miguel….desculpa não fixei o teu nome…. – Digo sabendo perfeitamente o nome que ele me disse.
- Bem, parece que quem se vai embora sou eu. Podes tratar assim os engates de uma noite, mas eu…sou muito mais…por isso se não te lembras do meu nome….realmente enganei-me e e és vulgar como qualquer outra. – E quando me diz isto, vejo-me com demasiada informação em mãos. Provoco e sou vulgar….a imagem…quase me deixa agoniada e está tão longe da realidade, pelo menos uma parte.
- Carlos…
- Sim, Ana…afinal não me enganei. – Ouço-o dizer com um sorriso perverso no rosto quase espelhando uma vitória que nem sei bem a que corresponde.
- Provoco, sem querer…
- Eu sei, por isso me aproximei. Mulheres por aqui não faltam, porque me iria dar ao trabalho de perder tempo com uma vulgar? – E com esta pergunta retórica, fico sem palavras.
- Preciso de outra bebida… - Digo depois de perceber que a minha se esvaziou. – Levanto-me e vou até ao bar e peço outro gin, desta maça caramelizada e regresso à mesa onde ele me aguarda, mas desta vez com outra atitude. A serpente que morde, move-se sabendo o efeito que cada movimento tem nele, o balançar das ancas, o olhar fixo nele, tudo em mim mudou…mas ele aguarda-me com uma aparente serenidade que me desconcerta.
- O que provoco? – Pergunto mal me sento e dou um gole na minha bebida.
Vejo-o beber um pouco mais e depois olhar-me, de forma penetrante e revelar:
- Desejo…vontade de te deitar nesta mesa e deixar que a música dite cada movimento meu sobre ti…provocas ao ponto de levar alguém à loucura, mas ao mesmo tempo…és impenetrável, sabes disso e jogas como te apetece. – Diz-me e pergunto-lhe.
- E sabendo disso onde encaixas tu nessa história? – Perguntei tentando amedrontá-lo.
- Exactamente aqui…a seduzir-te…lentamente até implorares o meu toque. – Diz-me descaradamente.
- Tu a seduzir-me? – Pergunto-me e sorrio, porque está a acontecer e não quero que se perceba.
- Significa que se fodessemos aqui num qualquer canto…bastava…para saberes que o conseguiste? – Pergunto.
- Não, comigo não funciona dessa forma. Já te conquistei desde o “como te chamas?” porque ninguém pergunta isso a ninguém quando quer um engate fácil...procuraria algo mais…muito mais…
- Estás a dizer-me que facilmente me deixo enrolar na conversa de um qualquer homem que se dirige a mim? – Pergunto aproximando-me dele.
- Não Ana, simplesmente fui eu…não tentei encontrar frases feitas para chamar a tua atenção…e respeitei quando me disseste “não” e foi isso que fez a diferença. – Fodasss para o homem. Tinha que fugir dali, não sei se dele, se de mim.
- E queres foder-me? – Perguntei, tentando desarmá-lo.
- Tenho vontade…mas só acontecerá se for sentido e fizer sentido. – Disse-me e voltei a dar um gole no meu gin.
- Se te disser que estou sem cuecas por baixo deste vestido e estou a ficar excitada, que fazes? – Pergunto-lhe.
- Continuo…continuas…provoco…provocas…afinal parece que somos feitos da mesma matéria.
E lentamente subo o meu vestido até ser ele o único a ver que falo verdade. Olha-me com desejo e vejo a ereção que não faz intenção de disfarçar e pergunto-lhe.
- A cor do meu soutien é… - Digo tentando que ele continue.
- Certamente igual à dos meus boxers e mal conseguem já aguentar o meu caralho. – Ouço-o pela primeira vez ser um pouco mais ousado, sem perder a compostura.
Ficamos algum tempo em silêncio, claramente a medir forças.
- Mostra-me… - Pedi.
- Os boxers ou o caralho? – Pergunta-me, deixando-me quase sem fôlego.
- Quero ter a certeza que acertaste e se for o caso…vou sentar-me no teu colo…e vais foder-me aqui… - Disse e ele sem se sentir minimamente intimidado, começou a abrir as calças e vejo uns boxers pretos por baixo dos jeans e que não coincidem com o meu soutien vermelho. – Falhaste. – Digo vitoriosa.
- Muito bem…só tenho de apertar os botões e continuamos a conversar.
E nesse momento aproximo-me dele e beijo os lábios dele…que me devolve num beijo quente, molhado, enquanto passo a mão pelos boxers para sentir a ereção dele.
- Mas eu falhei… - Diz ele….enquanto me molha os lábios.
- Mas eu não falho. – Digo eu, libertando o caralho dele dos boxers e começando a tocá-lo.
- Já somos dois.
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