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Aterramos em Milão a meio da tarde e com um tempo fabuloso, o que desde logo começou por ser um bom pronúncio. Eu sabia que tinha obrigatoriamente que passar pelo atelier para falar com a minha assistente, mas ter Rafael por perto não me estava a facilitar o processo de decisão. A caminho do táxi que me levaria ao atelier, ele antecipou-se a qualquer questão minha e combinou ficar à minha espera no bar do hotel onde eu estava hospedada. Trocamos números de telefone e pouco depois os lábios dele tocam os meus e despeço-me dele junto ao atelier, vendo o táxi afastar-se rumo ao hotel.
Alessandra aguardava-me impacientemente no atelier e brindou-me com um enorme sorriso quando lá cheguei. Um pouco mais nova que eu, Alessandra era o protótipo da mulher italiana: morena, de cabelo escuro e comprido e apesar das formas arredondadas que exibia, a roupa elegante que escolhia tinha a dupla capacidade de a adelgaçar e ao mesmo tempo de lhe conferir uma sensualidade difícil de contrariar. Não obstante, a sua presença ser sempre extremamente agradável, eu queria encurtar o mais possível a minha visita ao atelier e não foi difícil decidir-me pelos desenhos a escolher para enviar ao cliente, pois conhecia bem os seus gostos. E com toda a mestria que me conheço consegui rapidamente libertar-me deste compromisso e orientei ainda algum trabalho para o dia seguinte. Saí como entrei, mas sabia que ainda nesse dia Alessandra me iria ligar com algumas questões relacionadas com este trabalho e que sabia que tinha que dar seguimento para não comprometer a entrega do material. Mas até lá, Rafael aguardava-me.
Já no hotel e ainda antes de ir ao encontro dele, fiz as alterações na reserva que permitiriam que ele ficasse aqueles quatro dias comigo e só depois de ter recebido a chave do quarto é que fui ao encontro dele. Estava comodamente sentado numa das poltronas do bar, de olhos fixos num livro. O bar era a continuação da decoração do hotel e fora, sem dúvida, uma das razões que me tinham feito escolhê-lo. Anos 20 em todo o seu esplendor e que me transportaram imediatamente para essa época. A música acompanhou os meus passos até me aproximar da mesa onde ele se encontrava. Sem dizer uma palavra, passei por ele, perfeitamente ciente que ele havia percebido bem antes de me ter aproximado da minha presença, e sentei-me em frente a ele. Apenas nesse momento ele levantou os olhos na minha direcção e com a maior descontracção perguntou-me: - Apetece-te algo? – Perguntou-me delicadamente fixando posteriormente o olhar na chave do quarto que eu propositadamente pousei em cima da mesa. - Sim, apetece-me…… - E calei-me quando o empregado se aproximou da nossa mesa para naturalmente anotar o meu pedido.
Agradecemos timidamente e saímos os dois do bar, rumando, sem qualquer hesitação na direcção do elevador, no qual entramos mal a porta se abriu, juntamente com um outro casal. E quando a porta se fechou senti claramente a tensão que se tinha instalado e que só terminou quando a porta se voltou a fechar depois do casal sair num andar abaixo do nosso. Respirei fundo e disse em voz alta, embora num sussurro: - Só falta mais um. – Disse eu querendo-me referir aos andares que o elevador ainda iria percorrer até chegar ao nosso piso. - Ansiosa? – Perguntou Rafael provocadoramente. - Nada disso. Apenas tremendamente excitada e a necessitar urgentemente …- E novamente a porta do elevador abre-se para nós sairmos e simultaneamente deixar entrar duas mulheres. - Ciao. – Ouço Rafael cumprimenta-las e vejo-as devolver o cumprimento entre risos comprometidos. - Tu não perdes tempo. – Digo eu enquanto procurava o número do quarto. - Aborrecida pela minha boa educação? - Não. Excitada com esse teu poder de sedução. – Digo finalmente quando encontro a porta do quarto e a abro, para ser ele o último a entrar e a fechar logo depois. E no momento em que se aproxima de mim, conduz-me até ao enorme espelho que se encontra num dos cantos do quarto e despe-me, com uma calma e subtileza que quase me queima à pele tal é a urgência do meu desejo. E é o meu corpo nu que vejo reflectido através daquele espelho antigo…mas vejo mais, vejo Rafael, ainda completamente vestido, aparecer atrás de mim, abrir-me as pernas e começar a tocar-me….
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