BY THE RIVER - PARTE I
- Eva Ribeiro
- 26 de set. de 2021
- 8 min de leitura
Atualizado: 14 de fev. de 2023

Naquele domingo, entre pequenas arrumações e limpezas, encontrei um velho álbum de fotos antigo e que me apeteceu folhear, não por qualquer sentimento saudosista, mas porque já não me lembrava de ver fotos de há 15 anos atrás, quando os meus 20 e poucos anos ainda ditavam leis que eu seguia. 15 anos depois não posso dizer que esteja muito diferente dessa altura, mas a impulsividade e a irreverência, tinham suavizado ligeiramente, não tanto como os meus pais desejariam, mas quando se nasce com um gene da temperança um pouco baralhado, é difícil seguir aquela linha a direito, porque qualquer atalho nos pode distrair. Isso não faz de nós más pessoas, faz de mim o que sou hoje, a que segue um impulso se o sentir, um caminho se estiver perto e até for interessante, mesmo que os planos fossem outros. E nesse momento ao desfolhar aquele álbum antigo, voltei ao ano de 2006…e as fotos iam-me contando aquela história que eu ainda me recordava como se tivesse acontecido ontem.
Fomos passar férias a casa de um amigo a Trás os Montes e confesso que a memória já não me deixa recordar o nome do local. Ele convidara-nos a mim, à Jessica e à Patrícia, mas também ao Marco e o João que foram connosco. Demoramos um pouco mais porque paramos a meio do caminho para comer qualquer coisa, mas após termos chegado à pequena aldeia onde ele vivia, quando não estava a estudar na faculdade e, nessa altura, numa casa alugada. Estava imenso calor, mas isso não nos fez perder a boa disposição, mesmo sentindo o olhar das pessoas por quem passávamos em nós, isso devia-se ao facto de termos optado por ter levado o Range Rover do João e de sermos estranhos. Mas tinha sido uma boa opção irmos de jipe, pois se tivéssemos levado o Fiat Punto do Marco, percorrer aquelas estradas secundárias não teria sido a melhor experiência.
Entramos na aldeia, a meio da tarde, e não tardou a que o Rui viesse ao nosso encontro. Não ficamos na casa dele, pois a família dele estava lá, fomos para outra, um pouco mais afastada do centro da aldeia e havia espaço para todos. Ficamos a perceber que os pais dele tinham ideias de pedir alguns apoios para um alojamento local para dar o destino certo àquela casa e, de facto tinha potencial, bastantes quartos, uma sala comum enorme, um espaço exterior onde podíamos apanhar sol e desfrutar das noites quentes.
- Bem-vindos ao Paraíso. – Disse o Rui para nós depois de nos mostrar a casa.
- Tu vais ficar aqui connosco certo? – Perguntou-lhe o João, segurando uma mexa de cabelo aloirada pelo sol e pela parafina que usava para a prancha de surf.
- Vou, temos todos um quarto e se adormecermos pela sala ou mesmo por aqui, há almofadas para ficarmos confortáveis e olhou para mim nesse momento. – Eu que tinha escolhido o quarto mais longe de todos os outros, no sótão precisamente, não por querer estar longe, mas simplesmente porque tinha um enorme fascínio por este tipo de espaços. Ainda por cima tinha casa de banho…um sofá e a cama de casal, mas o pormenor que eu tinha amado era uma janela no telhado que ocupava parte do telhado e que eu adivinhava ter uma visão para as estrelas de cortar a respiração. E quando o Rui me diz que dá para subir e ir até ao telhado, aquele simples pormenor, fez-me escolher sem hesitar aquele quarto.
Todos escolheram aleatoriamente um ou outro quarto, mas a Patrícia e a Jessica tinham preferido os que mais ficavam perto de uma casas de banho. Já o Marco e o João escolheram o que sobrava e o Rui, igualmente.
- Vamos até ao Rio? – Perguntou o Rui depois de todos nos instalarmos e trocarmos a roupa que trazíamos para algo mais fresco.
E sem hesitarmos, saímos pouco depois. O Rui tinha vindo de mota ao nosso encontro, mas tinha trazido um capacete a mais…e entregou-mo.
- Vens? – Perguntou-me como se houvesse cumplicidade para eu aceitar aquele convite, que não era o caso, mas a ousadia daquele atrevimento fizeram-me fixar o olhar naqueles olhos verdes e no cabelo escuro e encolher os ombros, como se de algo banal se tratasse. E não era banal, nem a pergunta, nem o eu aceitar.
- Porque não? – Digo e quer a Jessica quer a Patrícia ficaram a olhar para mim, precisamente por isso mesmo.
- Tu vais de mota? – Perguntaram, pois sabiam que seria uma estreia…a mota e ele.
- Alguma de vocês prefere ir com o Rui? – Perguntei, matando todas as questões que pudessem surgir.
- Sigam-nos…vamos até ao rio. Não é muito longe daqui, mas vamos descer apenas um pouco e daqui a 10 minutos estaremos lá. – Disse e pouco depois vi-me sentada na mota com ele, uma Yamaha 125…preta e cinza. – Segura-te a mim, porque o terreno quando começarmos a descer é mais irregular.
E partimos, por caminhos de cortar a respiração até ao rio, mas já próximo, o terreno era um pouco mais acidentado e eu tive de me agarrar bem a ele, senão caía. Senti-lhe o corpo quente e sem dificuldade, sentia-lhe o desenho dos músculos, a dureza de um corpo que me era desconhecido. Não tardou a chegarmos ao destino. Deixei-me ficar algum a olhar em volta. Era um local muito bonito e estava deserto. Tinha um pequeno pontão em madeira e um ou outro barco, mas depois estávamos rodeados de um verde, ligeiramente acastanhado pelo sol, onde rapidamente se começaram a estender as toalhas e um e outro foi saltando para o rio. Eu saí da mota, tirei o capacete e fui até ao jipe, onde eles tinham guardado as minhas coisas. Despi-me e tirei a minha toalha, estendendo-a perto das outras e depois seguindo o mesmo caminho que eles.
- Pessoal já repararam que aqui não está ninguém? – Digo eu com um sorriso perverso e ficam todos a olhar uns para os outros, não sabendo bem o que quero dizer com aquilo, mas claramente percebendo que é a realidade. E rapidamente o Rui, que já estava dentro de água, saiu e sentou-se no pontão…e disse-nos que os locais não tinham por hábito banhar-se no rio, por isso, dificilmente iríamos ter companhia.
- Acho que temos de vir aqui à noite tomar banho nus… - Digo eu e ficam todos muito sérios a olhar para mim, num misto de curiosidade e desejo.
- Até de dia podem fazê-lo. Há anos que ninguém aqui vem. – Diz o Rui e olha para mim.
- Estás a olhar assim para mim, queres desafiar-me? – Perguntou ele e o meu olhar enfrenta o dele…verde…contra a escuridão que o meu lhe revelava.
- Porque não? – Digo e pergunto-lhe.
- Ajudas-me a tirar a parte de cima do biquíni? – Pergunto eu, afastando o meu cabelo negro e deixando o pescoço a descoberto.
- Tens a certeza? – Pergunta ele já com o corpo perto do meu, como se me sussurrasse prudência. Sorri de costas viradas para ele, com o ar perverso que me caracterizava…e que ele não adivinhava.
- Sim, desaperta…. – E de costas voltadas para todos fiquei apenas com a parte de baixo do biquíni, pois pousei a parte de cima no pontão e depois virei-me, ergui-me e mergulhei de cabeça no rio que me convidava a esfriar aquele calor todo. E quando voltei à superfície, mandei-lhe a parte de baixo, que ele segurou e colocou perto da outra. E não tardou a imitar o meu gesto e a vir ao meu encontro.
- Não te chegues a mim… - Digo impedindo-o de se aproximar de mim assim.
- Porquê? – Perguntou ele.
- Porque ainda tens os calções de banho vestidos. – Disse-lhe e afastei-me um pouco mais.
- João, segura nos calções… - E ouço as braçadas dele e que se aproximam de mim. Viro-me de repente e encaro-o.
- Os nossos amigos estão a refrescar-se e nós aqui nus…e a dar demasiado nas vistas. Não achas que devíamos comportar-nos um pouco melhor, manter alguma decência e regressar? – Pergunta-me ele, com uma preocupação não sentida.
- Queres regressar ou…? – E não termino propositadamente, mas deixo-me lentamente ficar a boiar.
- Fodasss…Ana… - Ouço-o praguejar e tentar lutar contra aquele instinto ao qual não se consegue dizer que não.
- Se quiseres podes ir…eu vou ficar aqui um pouco. – Digo ignorando-o completamente.
E sem uma palavra, puxa-me para ele e sinto o caralho dele roçar-me primeiro no ventre e o olhar em mim faz-me todas as perguntas e às quais lhe respondo com o corpo. Os mamilos endurecem e pedem o toque dele…toda eu preciso de o sentir. E abraço-o para me segurar e os lábios dele procuram os meus e sinto-o todo…
- Voltamos? – Pergunto depois de o beijar e sentir o caralho dele roçar a minha cona, o meu corpo…
- Não. – Diz ele mordendo-me o lábio.
- Sim. – Digo eu e desprendo-me dele…com aquele sorriso perverso estampado no rosto e a fazer valer as aulas de natação que tinha tido. Rapidamente cheguei ao pontão e ele não tardou a alcançar-me. E ainda dentro de água peguei numa e noutra parte do biquíni e dentro de água vesti, pedindo-lhe no fim:
- Apertas-me o biquíni? – Pergunto eu chegando-me a ele de costas e continuando a sentir o caralho dele, ainda sem os calções de banho.
Ele não me respondeu e apertou-me o biquíni, como um verdadeiro cavalheiro e eu voltei-me para ele.
- Vou buscar-te os calções ou preferes….? – E de repente puxa a minha mão até ao caralho dele e deixa-me sentir o que eu já tinha sentido com o meu corpo. Duro…teso e a minha mão agora segura-o. Subo o olhar na direção do dele…e procuro aquele fogo que me vai alimentar o corpo e a alma e encontro-o. Um leve movimento da minha mão, em sentido ascendente e depois descendente e depois escapo-me e vou em busca dos calções dele que estão a meio do pontão.
- Rui… - Digo o nome dele e deixo cair os calções dele e aproximo-me deles…saltando e molhando todos de forma a que aquela entrada na água evite as perguntas que todos querem fazer.
- Já de volta Ana? – Pergunta o João.
- Não me digas que também querias nadar comigo? Estás aqui tão bem acompanhado… - Digo sorrindo para as minhas amigas que são confrontadas com uma tensão inacreditável.
- O Rui não vem? – Pergunta o Marco, olhando para o amigo que se afasta na direção do jipe e das toalhas.
- Rui… - Chamou por ele.
- Já vou… - Diz ele de longe.
- Que lhe fizeste? – Perguntou-me ele.
- Eu? Nada…nadamos nus e regressamos…era suposto fazer mais alguma coisa? – Pergunto eu fingindo inocência, mas contando a verdade.
- Ele vem aí. – Diz a Jessica. – Parem com os comentários.
E mergulho e quando volto à superfície vejo-o perto.
- Rui…confirma aos nossos amigos que… - E parei propositadamente.
- Não fodemos…se era isso que queriam saber… - Diz e olha para mim.
- Estão a ver como não vos menti. – Digo eu para todos.
- Mas queriam? – Pergunta a Patrícia que até ali tinha estado a observar-nos muito atentamente.
Um silêncio instalou-se e ambos olhamos um para o outro e a mão dele procura a minha debaixo de água.
- Vocês vão buscar cada ideia…. – Diz ele…e eu continuo:
- Simplesmente quisemos nadar nus, nada mais.
E desataram a rir e nós ficamos os dois a rir com eles, cientes de que foi por pouco que o “sim” não foi dito pelos dois ao mesmo tempo.
- Vamos foder quando ninguém estiver a ver, ou então quando alguém estiver a ver e nós fingirmos que não percebemos, pode ser? – Digo e a mão dele aperta a minha e puxa-me para ele.
Sei o que me espera…sei que não lhe escapo, sei que eles sabem isso…mas não sabem o mais importante: ele é que não tem escape e serei eu a ditar as regras do jogo, como sempre.
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