MY LORD - PARTE I
- Eva Ribeiro
- 18 de jan. de 2021
- 7 min de leitura

Ano 1977, algures numa província do interior de Portugal, longe dos olhares citadinos e numa distina família...
- Aaaannnnaaaa. - Uma voz gritava pelo meu nome pouco depois de eu ter batido a porta de casa. Podia ter voltado atrás, mas estava demasiado furiosa para ouvir nova reprimenda da minha mãe, sobretudo se sabia que rapidamente poderia desencadear num castigo. Os meus 22 anos já deveriam ser suficientes para ela confiar em mim, deixar-me ser como sou, porque lá no fundo sabia algo que também eu sabia: eu não ia mudar.
Olhei para as horas e já pouco passava das 19h00. Fui em direção aos estábulos da casa, que ficavam ainda a uns bons metros da porta traseira da quinta, e fui ter com o meu cavalo.
- Lord. - Chamei pelo nome dele, e ele logo se ergueu, exibindo magestosamente a sua crina preta e o pelo negro. - Vamos dar um passeio? - Perguntei como se falasse com uma amiga. E o relinchar dele de contentamento por me ver e de me devolver a pergunta na linguagem dele. - Sim, voltamos a discutir por causa do David. - E o simples facto de ter falado no nome dele, fez com que ele desse um pequeno salto. - Pois, tu também gostas dele, verdade? Mas ela não...e ontem, viu-nos à noite perto da cerca, junto à árvore onde me costumo encostar a ler e sabes? - Falei como se de uma pessoa se tratasse. - Eu adoro conversar com ele desde sempre, tu sabes...
E de imediato o cavalo avançou sobre mim, depois de eu ter aberto e porta e cheirou-me, para depois se vergar numa vénia, dando-me permissão para o montar.
- Já não há cavalheiros como tu...my Lord. - Digo e num ápice e com a agilidade que anos de prática me deram, montei-o graciosamente e acariciei o pelo macio dele. - Leva-me até...ele.
E nesse momento saímos a galope do estábulo, mas rapidamente a agilidade dele nos colocou fora da propriedade. A floresta que envolvia a casa era ainda mais densa e com o rápido anoitecer, era quase um perigo andarmos por ali. O trotar dele, pelo caminho sinuoso e a forma como eu encaixava nele, eram sem dúvida uma simbiose perfeita. E pouco depois, numa clareira mais à frente, um conjunto de casas aparece no horizonte. Puxo ligeiramente as rédeas para o fazer abrandar e percorremos, lentamente, o piso irregular do vilarejo, deixando que as luzes dos candeeiros nos iluminassem mais que o percurso que anteriormente fizemos.
- É ali... - Digo e faço sinal para ele parar e acompanho-o, lado a lado, até à porta de casa dele. Toquei à porta e não demorou muito a perceber movimento no interior. Uma voz familiar sobressaía em relação às restantes e eu reconhecia-a, era a dele. A porta abre-se e vejo aqueles olhos escuros reconhecerem-me, percorrerem o meu corpo, ao qual pouco depois um sorriso lhe sucede:
- Mãe, a Ana chegou...vou sair. - Diz batendo a porta e vindo ao meu encontro.
Parou a uns centímetros de mim. O Lord bateu com um dos cascos no chão, fazendo barulho, como que não estando satisfeito por aquele compasso de espera.
- Calma Lord... - Diz ele, afagando o meu cavalo. - Olá Ana. - Diz ele, dando-me um beijo no canto da boca.
- Olá David. - Digo parecendo mais tímida do que sou na realidade e colocando-me a par com o Lord.
- A tua mãe já recuperou de nos ter visto a conversar, ontem à noite? - Perguntou-me...enquanto fomos caminhando para fora do caminho iluminado. Eu segurava firmemente as rédeas do Lord, não sei se para o travar ou me travar a mim de ir depressa demais.
- Não recuperou. Eu e o Lord acabamos de fugir de lá. - Digo, fazendo-o parar e olhar para mim.
- My lady, adoro quando quebras as regras, cruzas o limite...por mim. Mas devias regressar....
- Uma desculpa para também dar um passeio. Sabes como eu gosto de ver as estrelas...a lua... - Digo, tentando relativizar a importância que ele tinha.
- Então vamos até ali mais à frente. Conheço o sítio ideal para admirares o firmamento. - Diz ele, sorrindo, mas não se inibindo de me mostrar aquele lado mais perverso e que tanto me fascinava e ao mesmo tempo me enfurecia. E por momentos sinto-me observada.
- Porque me olhas assim, David? - Perguntei, corando.
- Ana, são raras as mulheres com a tua idade que ousam deixar os vestidos e ousam vestir calças e umas botas altas...isto para não falar em sair de noite, sem serem acompanhadas pelas damas de companhia. Tens noção que estás a pisar o risco? Comigo? - Pergunta-me.
Claro que tinha noção de tudo isso, mas jamais me iria conformar com essa mentalidade.
- Ana, vais ter problemas, quando simplesmente podíamos encontrar-nos durante o dia, para beber um chá, em tua casa, na companhia de mais alguém...e escolhias um dos teus muitos vestidos, não necessariamente discretos...e eu ficaria encantado na mesma. - Diz-me e eu páro derrepente e dou-lhe um valente estalo no rosto.
- Estás a tentar dizer-me que sou menos respeitosa por vir ter contigo? Que é igual se for lá em casa ou noutro local qualquer? É isso? - Perguntei verdadeiramente furiosa e preparando-me para nem ouvir a resposta e voltar pelo caminho inverso. A mão dele trava-me o movimento e puxa-me para ele.
- Ana...Ana... - Disse o meu nome, como que para me chamar a ele, à realidade. - Eu gosto de ti assim, estava apenas a provocar-te... - Diz-me e continua: - Estás tão bonita. Anda comigo... - Pede-me e quase hesito em ir, mas ele puxa-me para ele e a milímetros de mim, sussura-me: - Quero...
- O que quererá ele, Lord? - Perguntei eu para o meu cavalo, já com um sorriso, ainda mais perverso no rosto.
E fomos por um caminho cada vez mais sinuoso, cada vez mais escuro e nesse momento, ele acende uma pequena lanterna que tira do bolso, o que nos permite prosseguir. Um pouco mais à frente, deparamo-nos com uma cerca, que ele abre e passamos, fechando-a atrás de nós.
- Onde estamos? - Perguntei eu, não reconhecendo o local.
- Este celeiro está abandonado há anos e tem uma vista fabulosa...do telhado. - Diz e pouco depois aproximamo-nos da casa, praticamente em ruínas e prendo o Lord a um poste e entramos pelo interior da casa. Ele seguiu à minha frente e segui-o, sem medo. Já conhecia David há anos e sempre fora o meu melhor amigo, mas nos últimos tempos, algo tinha mudado...ele mudou e eu mudei.
- Sobe estes degraus com cuidado... - Disse-me, dando-me passagem. - Vou atrás de ti, para te amparar. - E dá-me passagem e começo a subir degrau a degrau e já perto do último, propositadamente, hesito no movimento e ele segura-me, agarrando-me firmemente a anca. - Caramba Ana, que susto me pregaste. - Diz ele e eu sorrio sem ser notada.
E só quando chegamos ao topo do telhado apercebo-me da altura e sinto algumas vertigens.
- Já sei, tens vertigens....espera que te dou a mão. - Diz e caminhamos lado a lado pelo telhado e pouco depois ele pega num cobertor que está num canto, já reservado para quem quer ver certamente as estrelas como nós, e estende-o.
- My lady... - Diz convidando-me a sentar.
- My...lord... - Digo e ele senta-se ao meu lado.
Deito-me pouco depois perdida nas imensas luzes que piscam no firmamento...e a lua, a lua parece que escolheu a noite para se revelar...está maior e mais perto...está cheia...e sem uma única nuvem por perto.
- Vamos continuar o nosso jogo? - Perguntou ele.
- Não sei a que te referes... - Digo tentando dificultar-lhe a tarefa de se aproximar mais de mim.
- Quente e frio...aquele jogo que sempre jogamos para tentar saber algo mais sobre o outro, mas desta vez, quero experimentar no teu corpo. - Diz ele e volta-se para mim nesse momento.
- David, isso parece-me demasiado ousado para nós. - Digo, mas o meu sorriso retira-me a seriedade que queria ter dado àquela frase para o deixar sem saber o que fazer.
- Ana...
- David...então hoje começo eu... - Digo segura do que quero.
E tal como quando éramos crianças, um e outro despiu-se até ficar em roupa interior...era algo tão natural que não sentíamos qualquer tipo de constrangimento por isso. Tinha escolhido um conjunto azul celeste, um soutien de renda...e umas cuecas a condizer...e ele vestia umas cuecas escuras.
Comecei pelos pés dele, demorando-me no toque.
- Frio... - Diz ele e eu nem precisava que ele mo dissesse. E continuei a subir pelas pernas dele, chegando aos joelhos, numa carícia delicada. - Ainda um pouco frio, mas...
- Só passa para ti a vez quando ficar quente...já sabes isso, não comeces a tentar acelerar o jogo. - Digo e ele deixa-se ficar, de olhos postos em mim e a sentir a minha mão continuar a subir, agora pelas coxas, pelo interior...de uma e de outra perna, subindo um pouco mais.
- Quente...se continuares... - Diz ele e percebo que o corpo dele começa a reagir ao meu toque.
- E se continuar um pouco mais para cima, fica mais quente? - E a mão dele trava-me.
- É a minha vez. - Diz ele e ao contrário de mim começa pelo meu pescoço. E estremeço com o toque, que me eriça a pele. E desce as alças do soutien...e fico quente, mas não revelo logo...
- Frio... - Minto, sem saber se ele percebeu, mas prossegue, como se fosse verdade.
Desce um pouco mais e começamos a percorrer uma parte do meu corpo ainda não explorada. O calor começa a aflorar-me ao rosto e sinto a minha pele clara, ficar ruborizada, mas felizmente, a noite protege-me de ser descoberta, mas a respiração começa a denunciar-me.
- Continua frio...ou está a aquecer? - Pergunta-me.
- Está morno, mas longe de estar quente. - Digo e a minha voz treme.
E ele prossegue...e procura o meu olhar, começando a tocar-me numa das mamas, suavemente, apenas com um dos dedos. E não foi preciso dizer-lhe que estava quente para ele saber que estava, pois os mamilos claros começaram a fazer-se notar pelo tecido rendado.
- Estás quente Ana....não me mintas... - Disse baseado no que o meu corpo lhe dizia.
- Minto...hoje vou mentir-te a noite toda...
- Ana... - Diz quase em jeito de reprimenda mas adorando a sugestão.
- Posso ir-me embora se não queres jogar comigo.... - Adianto, mentindo.
- Então vamos ter de mudar as regras. - Diz ele.
- Como assim? - Pergunto, sem saber o que ele quer dizer.
- Mudamos apenas quando esfriar. Aceitas o meu desafio? - Perguntou ele, a medo.
- És a pessoa que melhor me conhece...descobre-me...apenas as estrelas e a lua saberão...
- Ana... - Tenta, dizendo o meu nome que o trave, que a razão o trave. - É isso que tu queres? - Pergunta por fim...
- Estou quente...continua por favor. - Pedi com urgência na voz.
- Yes, my lady... - E baixa o tecido do meu soutien rendado...
- Quente, quente, quente... - E ele aproxima-se mais, não com o toque que era habitual dos dedos, mas com os lábios, que tocam pela primeira vez a minha pele...
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