THE CLIENT - PARTE V
- Eva Ribeiro
- 29 de out. de 2020
- 9 min de leitura
Atualizado: 30 de out. de 2020

Seduziu-me pelo comportamento descontrolado, pelo quanto o desejo o consumia e o torturava, como se queimasse. Era exactamente assim que gostava de ter os homens, em bruto, sem controlo ou então a fazer um esforço desmedido para o ter de volta, sem qualquer tipo de filtro ou máscara, a ser apenas o instinto a ditar as regras e a forma de estar. E era assim que ele estava…perdido…e o melhor que soube fazer foi ignorá-lo. Subi as escadas até ao meu quarto, imediatamente seguida por ele e por ela. Pedi a Alexandra para se sentar na poltrona que ficava num dos lados da cama, junto à entrada para a casa de banho e ela obedeceu sem hesitar. E depois disso, a ética obrigou-me a prestar a atenção toda ao meu cliente, apesar de saber que naquele momento já tínhamos há muito ultrapassado o limite da relação tradicional. Aliás o simples facto de o ter convidado para o meu quarto, para o local mais privado que tinha…onde ninguém me via…era o sinal mais do que evidente, que também para mim, algo estava a sair dos limites. Mas até esse facto e o ter a perfeita noção disso, me fazia querer esse risco, querer ir mais além do suportável…para ele e para mim…e ainda para mais com a assistência da minha secretária, sempre pronta a dar uma mão…ou algo mais se lhe pedisse.
Ele aproxima-se de mim, imitando os passos que eu daria numa caçada, e beija os meus lábios quando a distância não é suportável e o olhar pede mais: exige o toque. A língua dele procura avidamente a minha e, por momentos, a fera que tenho diante de mim acalma apenas um pouco, mas não o bastante para deter o empurrão que dá e me faz tombar sobre a cama. Olho para ele, furiosa com o gesto abrupto dele, e vejo-o despir a camisa de uma vez e libertar-se, num ápice das calças de ganga, ficando apenas em boxers quando se deita finalmente ao meu lado.
Deixo que me dispa as poucas peças de roupa que tenho sobre o corpo…uma camisola larga e umas calças de ganga mais claras…e, por fim, umas botas de salto alto. Deixa-me apenas em lingerie e aproxima-se de mim, encostando o nariz ao meu pescoço. Sei o que me diz…sem dizer…sei o que sente…e apenas consigo dizer-lhe:
- Ivo…não é este o caminho. – Digo tentando que a razão prevaleça.
- O que é que tu sabes sobre isso? – Pergunta ele num sussurro, mas desafiando a minha resposta.
-Sei o suficiente…feliz ou infelizmente - Digo, falando a verdade…a minha.
- Deixa-me… - Pediu autorização para passar aquela fronteira que eu jamais cruzaria com um cliente, nunca o fiz e não o iria fazer.
- Vais casar…tens uma vida pela frente. Não percas tempo comigo, não vale a pena e só te irei dar desilusões, porque esta vida…esta escolha não é apenas para pagar contas, é porque eu preciso disto…de sexo…de intensidade…de entrega permanente, minha, deles, delas…não sei ser eu sem isto por detrás e nenhum homem sabe viver com uma mulher assim, sabendo que é o demónio na terra. – Confesso-lhe aquilo que poucas vezes consegui admitir, mas tinha perfeita consciência de que era a melhor descrição de mim.
- Eu alimento-te. Deixa-me tentar. – Pede-me, sem eu perceber o que me quer dizer.
- Não quero mesmo saber do que dizes. Neste momento preciso de foder…preciso de um caralho de verdade na cona. – Digo e ele entende-me, pois ouviu o que nem há uma hora sucedeu com a Alexandra.
E começa a descer pelo meu corpo, deixando o toque dos lábios deslizar do meu pescoço até às alças do meu soutien e continuando a descer, até o tecido ser o único obstáculo e o meu corpo exigir o toque seguinte, que ele trava…
- Pede…
- Não. – Respondo o que me apetece devolver-lhe…uma negação…de tudo…de mim…e daqueles devaneios dele que apesar de sentidos, são sentidos e fazem sentido.
- Pede…
- Não… - Adoro torturá-lo, mas não sei os limites dele…não sei até onde consegue controlar-se.
- Não me dás outra hipótese. – E dizendo isto sai da cama e dirige-se à Alexandra. Não consigo ouvir o que lhe diz, pois fala-lhe num tom baixo ao ouvido. E vejo que ela se levanta e abre a gaveta que há pouco tinha e entrega-lhe primeiro a venda. E aguarda que ele me vende para certamente lhe dar o restante e que ele lhe pediu. Eu não emito qualquer som, apenas trinco o lábio em sinal de expectativa…de vontade não contida…e ele sabe certamente ler estes sinais.
Sinto-o perto de mim…o perfume e a pressão do meu lado denunciam-no. E depois o toque dele em mim, começa por ser subtil…deixando a minha pele eriçada…e quando alcança o tecido do meu soutien, os mamilos já sobressaem através do rendilhado do mesmo, exigindo o toque que tarda...e tarda...e inesperadamente em vez de sentir o toque de um dos dedos dele ou da língua…é o toque da minha chibata que conheço bem, numa das mamas, depois na outra, o que me faz ficar em tensão, mas mais excitada. E com a pele da chibata percorre o meu ventre, passa ao de leve na minha cona e continua pelas pernas abaixo, percorrendo o interior das coxas. Mordo o lábio com força…
- Pede…
- Não… - Não me deixo facilmente levar…muito menos agora que quero ver até onde é capaz de ir…
E bate-me com a chibata na cona…e o meu corpo fica de novo em tensão…
- Despe-a. – Pede ele à Alexandra. - E depois, prende-lhe as mãos com essa corda, com as algemas iria magoar-se. - Termina por dizer.
E a Alexandra prende-me com a corda e admiravelmente ata-me as mãos com um nó, que eu jamais conseguiria livrar-me. Mas eu continuo em silêncio…sem articular uma palavra e a ceder o meu corpo em prol do prazer que ele quer atingir…e depois, sem pressa, desce as alças do meu soutien e, e tira-mo, não se inibindo de me tocar nas mamas enquanto o faz. E antes de me retirar as cuecas, deixa um dos dedos deslizar pelos meus lábios e só depois as tira completamente. Puta, penso para mim…mas, não digo.
- Pede…. – Ouço de novo a voz dele.
- Não… - Darei sempre a mesma resposta.
E nesse momento a chibata atinge o meu corpo com mais força…
- Cabrão, vais marcar o meu corpo todo…
- Vou… - E nesse momento, faz-me rodar sobre mim na cama e ficar deitada com o rabo virado para ele. Abre-me as pernas e deixa de novo a chibata percorrer o meu corpo, começando nos pés…passando pelas pernas e depois pelo interior das coxas…tocando ao de leve nos lábios da minha cona e depois quando passa o meu cu, nova vergastada numa das nádegas. Fico em silêncio. Sinto a chibata percorrer as minhas costas, relaxando-me apenas um pouco, para depois fazer com ela o percurso descendente no meu corpo, parando no meu cu…e sinto um fio, de óleo a percorrê-lo, deslizando até aos lábios. Estremeço com a diferença de sensações que me provoca, mas continuo em silêncio, expectante pelo que se segue.
- Toca-me. – Peço contrariada.
- Não entendi. – Disse ele. – Queres dizer-me alguma coisa? – Pergunta ele e adivinho um sorriso perverso nos lábios.
Mas não repeti o que havia dito e, quase de seguida, o toque dele inflama o meu corpo quando me começa a tocar-me nos lábios com os dedos, massajando-os…e depois quando um dos dedos repousa no clitóris, quase me venho, mas ele brinda-me com mais uma vergastada. E elevo o meu corpo até ficar de quatro, expondo-me mais…provocando mais…obrigando-a a resistir com a visão da minha cona e do meu cu, ali tão perto.
E finalmente aproxima-se de mim e os boxers já tinham saído e é o toque do caralho que sinto roçar-me nos lábios…o meu corpo exige…suplica, mas os meus lábios não dizem as palavras que ele quer ouvir. E inesperadamente a minha secretária diz o que eu não digo.
- Vais demorar muito? – Pergunta ela, quase quebrando a mística que ele tinha criado em volta da tortura que me infligia com prazer.
- Podes ir se quiseres. Paguei e vou fodê-la, como quero e quando eu quero. A ideia de assistires não foi minha, por isso, por mim estás dispensada. – Diz ele e eu mesmo sem ver um palmo à minha frente, peço-lhe.
- Alexandra…preciso que sejas os meus olhos…preciso que vejas, preciso que saibas, preciso que…
- Não continues, fico porque me pediste…mas vou até ao jacuzzi, apreciar-vos enquanto me toco. – E dizendo isto, ouço-a deslocar-se até à casa de banho e sem pudor, despe-se e adivinho o olhar dele, no corpo dela.
- Escolheste bem cabrão…ela é perfeita. – Digo, pensando que ele a observa, que seria algo que eu faria sem pensar.
- Acredito…mas o que eu tenho em mãos…isso sim é perfeição. – E quando o diz, começa a foder-me…e o meu orgasmo acontece quase no mesmo instante.
- Cabrão…
E depois vira-me de novo para cima, tira-me a venda dos olhos e começa…a foder-me, mas numa cadência diferente, nova para mim…
- Não…
- Sim… - E retira-me a corda dos pulsos e deixa-me livre para o sentir.
- Porquê? – Pergunto sem perceber e os gemidos no jacuzzi chamam a minha atenção e percebo que também ela se diverte ao ver-nos.
- Porque quero, porque posso…mas acima de tudo porque paguei para isso…e és minha durante este tempo. – Diz e viro a cara para o lado…
- Olha para mim, fodasss…. – Exige e como cliente eu tenho que respeitar os desejos dele…e o meu olhar fixa-se no dele, mas contrariado. E nesse momento, devolve-me tudo o que nunca ninguém foi capaz de fazer. E eu gosto…deixo-me ir…até ele se esporrar no meu corpo depois de fazer amor comigo.
Meia hora depois já estávamos todos de saída e digo à minha secretária que pode ir, pois fecho a porta, apesar de ele ainda estar lá dentro.
- Ivo…se voltares a repetir o que se passou esta noite, cancelo a despedida e nunca mais me vês. – Digo, falando sério, mas não sentindo o que lhe devolvo…mas sabendo ser necessário fazê-lo.
- Nunca fizeram amor contigo? Nunca te surpreenderam? Nunca te amarraram? Nunca te torturaram?
E por momentos a resposta àquelas perguntas eram a chave…
- Já…passei por tudo e foi este o caminho que escolhi. Vamos embora pois tenho vida lá fora… - Disse e ele ficou a olhar-me como a tentar imaginar como seria.
- Posso levar-te a casa? – Perguntou-me.
- Não…hoje não.
- Amanhã? – Pergunta ele tentando ir mais longe.
- Ivo…há uma linha que separa o que eu quero ou tu queres do que pode ser…e por isso, tenho que te dizer…espero-te daqui a uma semana, para a tua despedida de solteiro, até lá não… - Digo sem olhar para ele.
- É isso que queres? – Pergunta-me.
- Não, mas é assim que mandam as regras e eu vou cumprir escrupulosamente. És um cliente e continuarás a ser…. – Digo e avanço para a porta da rua e ele trava-me.
- Dorme comigo esta noite… - Pede-me ele.
- Isso é um pedido? – Pergunto. – Uma ordem?
- Um desejo. – Diz e fecha a porta que eu insistia em abrir.
- Então ficamos aqui. Mas às 11h00, antes da Alexandra chegar sais. – Digo-lhe.
- Saio e só me vês no dia D. – Diz ele assumindo o compromisso comigo.
- O que vou fazer contigo? – Digo em voz alta algo que o pensamento não trava.
- O que eu vou fazer contigo… - Responde-me…e a porta é trancada e eu estou pela primeira vez na minha vida presa a algo inesperado, ou melhor a alguém…e isso faz-me sorrir, mas vulnerabiliza-me.
E a noite cai…com uma lua gigante a surgir no céu da janela do meu quarto, enquanto preparo algo rápido para comermos e ele procura uma garrafa de vinho, que abre como se estivesse na casa dele. Sorrio sem que ele perceba.
E sirvo o café e quando me viro para lho dar, deita-me sobre a mesa e começa a lamber a minha cona, fazendo-me ter um orgasmo sem eu ter tempo quase de respirar. Nessa noite perdi a conta aos orgasmos de um e de outro, mas lembro-me bem que já mal via a lua quando os meus olhos se fecharam e finalmente repousei em cima do peito dele…
Acordei algumas vezes durante a noite, pois era estranho dormir acompanhada, mas quando ficou dia…a cama estava vazia.
- Ivo…estás aí? – Perguntei olhando para a casa de banho e tentando ouvir algum barulho proveniente de outro lado. Mas o silêncio instalara-se e eu estava de novo só….
Nisto batem à porta do quarto e vejo a minha secretária de volta.
- Já são 11h00? – Pergunto sem ter sequer olhado o relógio.
- Não, ainda são 9h00. Vim mais cedo pois tenho de organizar alguns papéis. Ficaste aqui a dormir? – Perguntou ela desconfiada.
- Sim, estava cansada e não me apeteceu ir para casa. Ia, mas depois achei melhor deitar-me…
- O Ivo foi logo embora? – Perguntou-me.
- Não…ou melhor talvez…foi, deve ter ido, mas ficou cá comigo…naquela cama, mas não me apercebi dele sair. – Respondi.
- Agora entendo.
- Não…não entendes…ele só virá daqui a uma semana e depois não volto a vê-lo.
- Eu gostava de acreditar no que me dizes, mas depois do que eu vi…acho que temos um problema em mãos. – Diz ela.
- Vou tomar um banho, ter um ou dois orgasmos e depois vou ter contigo. – Digo e avanço na direção do meu quarto, vendo a porta bater depois de ela sair do quarto.
Pouco me lembro daquela semana…pois era um cliente atrás de outro e do Ivo nenhuma notícia, tal como tínhamos combinado.
E o dia D chegou…
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