THE CLIENT - PARTE VI
- Eva Ribeiro
- 30 de out. de 2020
- 5 min de leitura

O dia D tinha chegado e naquele dia, atendendo aos preparativos que era necessários ainda ultimar, optei por apenas me dedicar em exclusivo a ele…libertando a agenda de hipotéticas marcações e que habitualmente, sobretudo por ser num sábado, eram mais do que em qualquer outro dia. O cliente habitual procurava-me quase sempre às mesmas horas e em dias de semana, para passar despercebido e não se comprometer. Já o cliente de fim de semana, eram um cliente só, mais liberal ou novo. Por isso eu ansiava sempre que este dia chegasse para quebrar um pouco o tédio que algumas rotinas exigiam.
Cheguei cedo nesse dia, nem sequer a Alexandra tinha ainda chegado e pouco depois de ter entrado, tocam à porta.
- Eva? – Perguntou um homem fardado à minha porta.
- Sim. – Em que posso ajudar.
- Pode assinar-me aqui por favor? Temos uma encomenda para si. Foi-me pedido que lhe entregasse esta rosa branca. – Disse por fim, entregando-ma.
- Tem espinhos? – Perguntei antes de pegar nela.
- Não, o pedido foi claro…rosa branca, sem espinhos e esta fita branca a envolvê-la. – Disse e finalmente peguei na flor e fiquei a olhar para ela. Já não me lembrava de receber uma flor e depois ocorreu-me o óbvio.
- Posso saber quem a mandou? – Perguntou.
- Essa informação não a temos. O Cliente quis manter o anonimato. – Disse e prosseguiu. – Um bom dia para a senhora.
- Muito obrigada, para si também. – Digo, fechando a porta atrás de mim. De quem seria? Nunca me enviaram flores, ou melhor, já as recebera em tempos, mas era algo tão pontual e eram sempre vermelhas…e aquela estranhamente era branca e eu não fazia ideia de quem era. Suspeitava que pudesse ser do Ivo, naquele dia, e o branco poderia estar relacionado com as cores do casamento. Fiquei um tempo a tentar decifrar aquele mistério, mas pouco depois sinto que a porta se abre e vejo a Alexandra entrar, com uma mala atrás dela.
- Vens de férias para cá? – Perguntei vendo-a tão carregada.
- Não, mas tenho aqui algumas coisas que vou precisar…e outras não sei se farão falta. – Confessou.
E rapidamente a levei até ao meu quarto.
- Hoje ficamos aqui as duas. É um problema para ti ou preferes outro quarto? – Perguntei depois de fechar a porta dos meus aposentos.
- Fico contigo. Ninguém resiste àquele jacuzzi, nem à tua cama…. - E ia continuar, mas interrompi-a.
- Olha o que me vieram entregar hoje. – Disse exibindo a rosa branca que rapidamente coloquei numa fina jarra e a coloquei bem no centro da mesa que tenho junto aos sofás.
- Quem era? – Perguntou ela curiosa.
- Isso gostava eu de saber, mas quem veio entregar não foi quem me mandou, aliás o cliente. – Disse, começando a citar o homem que a trouxe. – “O Cliente quis manter o anonimato”. Achas isto normal…ah…..e um pormenor, pediu a rosa sem espinhos e de cor branca. - Terminei por dizer.
- Foi o Ivo, sabes disso certo? – Confrontou-me.
- Não tem sentido. Rosa branca e sem espinhos? Ele mandaria, a ser ele, uma vermelha e cheia deles. – Respondi eu, ciente que o meu raciocínio estava certo.
- Branco…é amor…é paz…é também a cor da pureza…e ele até vai casar, mas acho que ele está apaixonado por ti. E ao que eu começo a ver, tu….
- Não…por favor…tenho mil e uma coisas na minha vida para ter alguém na minha vida neste momento e ele, felizmente vai casar…vai estar ocupado, vai desaparecer… - Digo tentando convencer-me a mim e a ela relativamente a algo que ambas sabemos ser só parte verdade.
- Vou pousar as minhas coisas lá em cima, mas preciso da tua ajuda com o outfit… - Diz-me ela. – Não estou nada habituada a estas coisas.
E depois de ela ter arrumado as coisas dela, descemos. Servi um expresso para cada uma e sentamo-nos a discutir todos os detalhes e como iria decorrer a nossa noite. As restantes mulheres chegariam por volta das 21h00 e haveria tempo suficiente de as preparar para o que a noite nos reservava. Alexandra ouviu atentamente tudo o que lhe fui transmitindo, mas acrescentou um ou outro apontamento interessante e que achei bem acrescentar.
O tempo insistia em não passar e acabei ir almoçar fora com a Alexandra. Era uma forma de o tempo passar de uma forma diferente. Ela parecia-me também um pouco ansiosa, certamente por razões diferentes das minhas, mas o sentimento era parecido.
Eram 23h00 e já estávamos todas preparadas para receber os clientes…mas sabia que quem entraria primeiro seria o padrinho e só depois viriam os outros todos. Escolhi a suite maior e era lá que os aguardaríamos. Optei por escolher cores para cada mulher…e que depois aleatoriamente calhariam a um deles…mas fiz questão de que nem uns nem outros soubessem a cor do par…de forma a manter tudo com um nível de tensão sexual fora do normal.
Assim à medida que foram entrando, cumprimentei cada um com um beijo no rosto e entreguei uma pequena fita de cor e que coloquei no pulso de cada um…
- Cada mulher tem uma cor. Todas estão na sala, mas estão vendadas, vocês irão vê-las, mas não saberão qual delas vos corresponde. – Disse e abri a porta da suite deixando-os entrar.
A luz ambiente era ténue e dispersei as mulheres pela suite, de forma a que sentissem que estavam a entrar num harém. Uma delas estava nua, presa a um varão e com uma venda sobre os olhos, outra estava algemada na cama, apenas com a lingerie vermelha no corpo, outra estava dentro de uma banheira com água, outra estava sentada numa poltrona e integralmente vestida, outra apenas com a parte de baixo das cuecas e com as mãos para cima mas presas, por duas cordas de cada lado do corpo…e a Alexandra estava em frente a um espelho, apenas com umas meias de liga e saltos altos, mas voltada de costas para nós.
Escolhi para vestir um vestido justo e bem curto de cor vermelha e que contrastava com o cabelo que apanhei com uma fita da mesma cor.
- Um brinde ao noivo. – Digo eu, pegando numa garrafa de champanhe e servindo os cálices que trouxera propositadamente para ali…7 cálices…um para mim e os restantes para eles. Não me poupei na escolha do champanhe e em duas garrafas gastei uma pequena fortuna. - Alguém aceita um morango, enquanto saboreia o champanhe? – Todos retiraram um morango da taça que eu tinha numa das mãos.
- Eva…os meus parabéns…gosto do que vejo e o noivo está sem palavras…. – Diz o padrinho para mim, colocando-me uma mão atrás das costas.
- Obrigada. – Agradeci e olhei para o Ivo mas pareceu-me demasiado tenso e sabia o motivo.
Apresentei cada uma delas e depois um a um, já depois dos cálices vazios, fui-os vendando e aos poucos levando a cada mulher. Retiro a venda delas e segredo ao ouvido de cada um:
- É tua…usa-a para teu prazer… - E eles continuavam vendados, o que lhes permitia não ver o que se passava em volta, dando-lhes a privacidade que era necessária para serem livres…e elas tinham o poder todo porque viam...
Quando chegou a vez do Ivo, retirei-lhe a venda e deixei-o olhar em volta…seria o único a quem iria permitir esta regalia. Levei-o junto do espelho onde a Alexandra estava e perguntei simplesmente:
- Lembras-te dela? E de mim? – Perguntei com um tom perverso enquanto tirava a venda à Alexandra.
- Demasiado bem. Qual é a minha cor? – Perguntou ele, ainda com uma expressão cerrada.
- Branca…que outra poderia ser? - Responde a Alexandra, nem me dando tempo de responder.
E ele olhou para mim e percebeu…e eu também.
- Somos tuas…usa-nos para teu prazer… - Termino por dizer aquilo que disse a cada um dos homens no quarto.
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