WEDDING VOWS
- Eva Ribeiro
- 31 de out. de 2022
- 6 min de leitura
Atualizado: 10 de jan. de 2023

- Sim, eu já vou. - Digo com uma voz de quem quase precisa de uma grua para sair da cama. Ouço a chuva, o vento e quase jurava ter ouvido a trovoada durante a noite e tudo isso me faz querer continuar deitada, enrolada no lençol e no edredon. E por isso tapo a cabeça e tento esconder-me, mas sabendo perfeitamente que isso não vai acontecer.
- Inês? Tu ainda estás deitada? - Perguntas-me naquele sábado de manhã, em que sou dominada pela preguiça e só me apetece ficar deitada, porque a verdade é que tenho tudo o que preciso dentro daquelas quatro paredes.
- Estou... - E continuo com a cabeça por baixo do edredon, fingindo estar amuada.
- Vamos chegar atrasados por tua causa. Não costumas ser assim, que se passa? - Perguntaste-me e eu finalmente destapo a cabeça e olho para ti.
- Não quero ir. - Digo simplesmente como se ao dizer a minha opinião, evitasse ter de sair.
- Inês, tu és a madrinha e ela é a tua irmã. - Ora bolas, tinha mesmo de ir.
- Eu prometo-te uma boa surpresa durante a festa. - Dizes com aquele sorriso que eu adoro e me derrete.
- Dá-me 15 minutos e estarei pronta. - Digo saindo da cama num ápice e dirigindo-me ao WC, onde entro, completamente nua e fechando a porta atrás de mim. - Espera-me no carro, por favor.
- Tu vais demorar e eu sei. - Dizes e olhas para o espelho, vendo o homem de fato azul escuro e com uma gravata cor de rosa. - Odeio esta cor. Como é que eu fui aceitar uma gravata desta cor? - Perguntas para ti e nisto abro a porta da casa de banho e vejo-te olhares na minha direção. Olhas-me de cima a baixo e percebes que, afinal já gostas da cor, mas percebes que por baixo do cetim rosa, eu não tenho qualquer roupa interior.
- Não vale a pena dizeres nada. - Digo, fazendo uma trança de lado, deixando-a pender sobre o meu ombro descoberto, contrastando com o outro e que tem a alça do vestido.
- Estou com ideia que o teu vestido era mais discreto, estou enganado? Não falta aí uma alça? - Perguntas e vejo no teu olhar um misto de desespero e perversão.
- Calma, ainda vou levar uma echarpe azul escura sobre os ombros. - Digo e vejo que, apesar disso, o teu olhar não muda.
- Levas cuecas, ao menos? - Perguntas-me.
- Esqueci-me de as vestir. Mais importante é o colar, os brincos, a pulseira e o perfume...e claro os sapatos de salto alto.
- Onde é que eu estava quando tu escolheste esse vestido? - Perguntaste-me.
- Creio que nos provadores ao meu lado...e se bem me lembro, estavas a masturbar-te quando eu o experimentei para veres se me ficava bem. - Digo, lembrando-te desse momento.
- Ah, bom...imagino a cara do padre, dos convidados todos, dos teus pais, dos meus, quando nos virem...te virem...
E por momentos pareces-te verdadeiramente atrapalhado, com medo de algo que não costuma ser nada habitual. E, já estando pronta, fui ao teu encontro, com a echarpe cardada sobre os ombros e, segurei a tua mão, puxando-te para mim.
- Que tal estou? - Perguntei e obriguei-te a ver o conjunto completo.
- Melhorou um pouco, mas eu tenho de me controlar. - Dizes e eu sorrio, dando-te um beijo rápido e puxando por ti.
- Vamos, senão chegamos atrasados. - Digo a rir.
- Tu tens uma lata. És uma puta. Quem me manda a mim gostar de putas? - Perguntaste retoricamente e não tardou a rumarmos em direção à igreja.
Chegamos mais do que a tempo e fomos recebidos, pelos habituais elogios. Nada de novo, mas sempre bom de ouvir.
- Adoro essa gravata. - Digo eu antes de te deixar e me preparar para ir para o altar, para aguardar pela chegada da noiva.
- Puta...vai... - Mas opto por ir já e decido aproximar-me primeiro de ti...tenho algo para te segredar.
- Tenho fome. - Digo e afastas-me de ti, um movimento subtil e que só eu percebi. Um acto de quase desespero e que me dá um prazer enorme perceber...perceber a inquietude em que te deixo.
- Inês...vai, por favor. O padre já olhou para ti algumas vezes e não tardará muito e vais chamar a atenção de todas as pessoas na igreja. Por favor, vai. - Dizes e quase sinto pena, porque percebo o teu sofrimento.
E vou, percebendo que as tuas calças estão um pouco mais apertadas do que é suposto ou, na melhor das hipóteses, estás com uma valente ereção...mais isso, sei bem. Sorrio enquanto caminho na direção do altar e ainda sorrio mais quando encontro o olhar do padre.
- Como está Sr. Padre? - Digo e posiciono-me ligeiramente perto dele, mas na lateral, do lado que a minha irmã vai ocupar e depois cumprimento o meu futuro cunhado. - Joel, estás bem? - Pergunto ciente do nervosismo que deve sentir naquele momento.
- Um pouco nervoso e tu? - Diz e o meu coração falha uma batida, os meus olhos ficam cobertos de água. Finalmente caio em mim. A minha irmã mais nova vai casar com um homem maravilhoso e que considero quase como irmão. Depois olho para ti, que captas a minha reação e desvio o olhar instintivamente.
- Jura... - E perdi-me no meio das palavras ditas e repetidas de um lado e de outro, não conseguindo conter uma lágrima.
O anel, o beijo, aquelas promessas de amor...uma realidade que não era a minha, não por falta de oportunidade, mas antes por opção.
A cerimónia não tardou a terminar e depois aguardava-nos um banquete na quinta que a minha irmã escolhera a preceito para celebrar connosco o amor que a unia ao Joel. Fui o caminho todo um pouco introspectiva e vejo que o olhar dele me olha de relance algumas vezes, as suficientes para eu perceber que não ia fazer perguntas, não por não poder, mas por perceber que não seria o melhor caminho, pelo menos comigo.
- Estás deslumbrante, não sei se te disse!? - Diz retendo a minha saída do carro.
Olho para ele, um olhar que me diz e carrega tudo...e sorrio, carinhosamente, mas ficando atrapalhada.
- Disseste, de muitas formas, mas nenhuma delas igual à outra. E eu não te disse que, estou feliz...sou feliz... - a palavra contigo não saía e, a verdade é que ele não tinha culpa, nem eu tão pouco.
- Nota-se no teu olhar, no teu andar, até no brilho que tens, na satisfação com que estás, eu sei... - Ele disse-me e aproximei-me dele e dei-lhe um beijo.
Já sentados numa das muitas mesas redondas espalhadas pela sala e relativamente perto da dos noivos, apreciei o ar de felicidade da minha irmã e por, breves instantes, acreditei ser possível...ter o mesmo.
- A penny for your thoughts... - Diz-me ele pedindo que lhe revelasse os meus pensamentos.
E sem lhe responder, peguei na mão dele e deslizei-a, com a maior das calmas pela minha coxa acima, olhando-o nos olhos, querendo sorver cada expressão, até a fazer mergulhar no meio das minhas coxas, enquanto ia mantendo com ele uma conversa aparentemente banal para a maioria dos olhares, mas carregada de pecado.
- Eu desejo... - Formulei o desejo...e fechei os olhos, já sentindo o toque dos teus dados nos meus lábios.
- Conta-me... - Pedes, dando asas à minha imaginação, mas continuando a tocar-me suavemente, sem pressa.
- Faz-me vir...aqui...mesmo com todas estas pessoas em redor. - Olhaste-me desafiadoramente e, por momentos, fiquei sem saber se irias ceder ao meu capricho ou terias um laivo de razão a dominar a tua ação.
-Porquê? - A pergunta que gostas de fazer e me irrita.
-Porque quero, preciso.... - Respondo-te.
-Porquê aqui? - Perguntas enquanto vou sentindo os teus dedos deslizarem nos meus lábios e acariciarem o clitóris. Um gemido contido e que sai sob a forma de um suspiro profundo e que quase me faz fechar os olhos.
-Porque me excita estar em público, adoro imaginar que alguém pode ver...e adoro ter prazer com isso. - Respondo-te.
-Porquê eu? - Fazes a pergunta e sinto um dos teus dedos deslizar para dentro de mim...uma e outra vez.
Não contenho o gemido e respondo-te, mas sem olhar para ti, olhando em redor...fingindo estar a contemplar a sala e o ambiente.
-Gosto de ti. - Digo e o teu toque é mais intenso.
-Olha nos meus olhos...e diz-me...- Ordenas ...uma forma de expressão que não é a tua. E o teu toque deixa-me cada vez mais vulnerável...os mamilos ja sobressaem debaixo do vestido.
-Gosto de ti, cabrão. - Digo-te enquanto prendo o teu dedo dentro de mim, deixando-te sentir o meu orgasmo. Tiras subrepticiamente a mão do meio das minhas pernas e levas o dedo à boca, saboreando o mel que nele deixei.
-Agora sim, já podemos ir comer...puta... - E apetece-me bater-te, pela forma como me arrancas o coração do peito misturado com um orgasmo.
E o ramo nesse dia veio parar às minhas mãos. Olhei para ti e tu para mim. E só me lembro de ver a placa a indicar o wc masculino e entrar pouco antes de ti.
FIM
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